Presidente evita Berzoini, mas abraça Genoíno

Para desvencilhar das lembranças que viraram referências de seus 4 anos de governo, presidente esquivou-se para não cumprimentar presidente licenciado do PT

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Por Agencia Estado
Atualização:

Pelo menos 22 ministros foram à posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dividiram cadeiras do plenário com familiares do presidente da República e parlamentares envolvidos nos escândalos de corrupção. Para desvencilhar das lembranças que viraram referências de seus últimos quatro anos de governo, logo na chegada, o presidente Lula esquivou-se para não cumprimentar o presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, que estava com o filho Luigi. O deputado ainda tentou um abraço, mas não obteve êxito. Restou-lhe o consolo de dar um tapinha nas costas do presidente que sequer se virou. A frieza de Lula foi um gesto simbólico. Isolado, Berzoini só recebeu tratamento acalorado dos mensaleiros José Mentor e professor Luizinho, condenados no Conselho de Ética e absolvidos em plenário. Com eles, Berzoini manteve conversa animada, mas visivelmente constrangido acabou encontrando dificuldades até para assistir de uma boa bancada o discurso. Já o deputado eleito José Genoino (PT-SP) chegou ao plenário meio acabrunhado, porém aos poucos o parlamentar foi se soltando e parecia mais à vontade. Lula, ao vê-lo na saída, deu um prolongado abraço. Foi outro gesto repleto de simbolismo, uma espécie de anistia informal aos mensaleiros. O ex-líder Paulo Rocha (PT-PA), que renunciou no auge do escândalo do mensalão e se reelegeu deputado, era um dos mensaleiros mais desavergonhados. Ele não demonstrou qualquer sinal de constrangimento e era um dos petistas mais empolgados em plenário. Houve ainda um momento em que os dois escândalos se cruzaram, como se fosse um encontro entre dois rios. Genoíno, que foi indiciado pelo Ministério Público no inquérito do mensalão, abraçou o senador Aloizio Mercadante, indiciado pela Polícia Federal no caso do dossiê contra tucanos. Detalhe: Genoino sentou-se ao lado do deputado Nilton Capixaba (PTB-RO), apontado como um dos principais nomes do desvio de recursos do Orçamento para a compra superfaturada de ambulâncias. Mesmo depois de ter sido demitido do Ministério da Educação por telefone pelo presidente, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) mostrou que não guarda mais mágoas e assistiu ao discurso 35 minutos de Lula. Ele ainda disputou com outros petistas e ainda conseguiu ser cumprimentado por Lula. Aplausos Ao chegar, Lula foi recebido no plenário da Câmara durante uma saraivada de quatro minutos de aplausos. "Olé, olé, olá, Lula, Lula", gritavam os parlamentares para saudar a entrada do presidente reeleito. Entre os 210 parlamentares que foram ontem à posse, apenas o ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP) teve direito a lugar de destaque: ele ficou ao lado da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. A pedido do presidente Lula, os seus familiares puderam se sentar na primeira fileira de cadeiras do plenário da Câmara. Na primeira posse de Lula, em janeiro de 2003, os familiares do presidente acabaram se perdendo para ir até as galerias da Câmara e chegaram atrasados à cerimônia.

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