Presidente do Rural está entre acusados por mensalão tucano

Ex-secretário de Azeredo assumiu posto de Kátia Rabello, também denunciada, há 2 meses

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Por Eduardo Kattah e BELO HORIZONTE
Atualização:

Apontado no inquérito da Polícia Federal como integrante do núcleo político da campanha à reeleição do então governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998, o atual presidente do Banco Rural, João Heraldo Lima, integra o grupo de 24 dirigentes e ex-dirigentes da instituição financeira denunciados pela Procuradoria da República em Minas por crimes relacionados ao chamado mensalão tucano mineiro. Lima, ex-secretário da Fazenda de Azeredo, assumiu há cerca de dois meses a presidência executiva do Rural, em substituição a Kátia Rabello, também denunciada e presidente do conselho administrativo do banco. O Rural foi classificado na denúncia do MPF em Belo Horizonte como "peça-chave no esquema de corrupção" durante a tentativa frustrada do atual senador para mais um mandato à frente do Palácio da Liberdade. A acusação formal apresentada em novembro do ano passado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, apontou desvio de pelo menos R$ 3,5 milhões dos cofres públicos do Estado para a campanha de Azeredo, por meio do suposto esquema que tinha como figura-chave o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza - e considerado o "embrião" do mensalão no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Documento que balizou a denúncia do procurador-geral - que ainda será julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) -, o inquérito assinado pelo delegado Luiz Flávio Zampronha indicou o Rural como uma das fontes de recursos para a campanha, classificando Lima como "um dos ?homens fortes? do governo de Eduardo Azeredo", que "passou a ocupar um elevado cargo nesta instituição financeira após as eleições de 1998". A sistemática descrita era a obtenção de empréstimos por meio das empresas de Marcos Valério para "investir na campanha eleitoral de Azeredo" ou remunerar os sócios das agências pelos "serviços criminosos prestados". O Estado tentou contato ontem com Lima, mas a assessoria do Rural informou que nenhum dirigente do banco irá se pronunciar antes da citação oficial. Os advogados dos outros acusados reiteraram que desconhecem o inteiro teor das denúncias e também não irão fazer comentários enquanto os clientes não forem oficialmente notificados das acusações.

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