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Presidente do DEM vê 'falta de solidariedade' do PSDB na crise do DF

Rodrigo Maia diz que não é hora de discutir se DEM terá vice na chapa com PSDB à Presidência.

Por Fabrícia Peixoto
Atualização:

Em meio à crise desencadeada pelas acusações de corrupção contra políticos do Distrito Federal, o presidente do Democratas (DEM), deputado Federal Rodrigo Maia (RJ), diz que "não é hora" de o PSDB discutir se o DEM terá ou não direito de apontar o candidato a vice-presidente que irá compor a chapa dos tucanos nas eleições do ano que vem. Para ele, discutir o assunto nesse momento é "falta de solidariedade" do partido aliado. "Ainda não tive a chance de conversar com eles (PSDB), mas pelo que vi até o momento, acho que faltou um pouco de solidariedade", disse o deputado, entrevista à BBC Brasil. Segundo ele, o PSDB "já viveu crises no passado" e tratar de candidatura a vice "é se esquivar do problema e não ser solidário ao aliado". O DEM deve decidir na próxima quinta-feira se expulsa ou não do partido o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, que vem sendo acusado de comandar o esquema de corrupção. Maia disse também à BBC Brasil que a proposta de conceder a Arruda, em uma reunião da Executiva Nacional do DEM na terça-feira, um prazo para sua defesa - e não expulsá-lo sumariamente - foi apoiada pela "maioria" do partido. Leia abaixo a entrevista: BBC Brasil - Como foi o clima na reunião de terça-feira, que discutiu a situação do governador Arruda? Rodrigo Maia - Você tinha no partido um sentimento de perplexidade muito grande. E você tinha uma posição que era de todos: uma certeza de que nós precisávamos tomar uma posição em relação ao caso do governador Arruda. E aí você tinha duas posições: uma que foi minoritária, dos que queriam o rito sumário; outros, que queriam garantir ao governador o que ele tinha pedido, ou seja, o prazo de defesa. Prevaleceu a decisão da maioria. BBC Brasil - O senhor é a favor da expulsão? Rodrigo Maia - Vou julgar com base no relatório do ex-deputado (José Thomaz) Nonô (relator do processo disciplinas contra Arruda no partido). Se eu antecipar meu voto, estou fazendo um pré-julgamento. Se não for a favor dele, posso estar dando argumentos para que, na Justiça, ele recupere a filiação dele. O procedimento correto é não pré-julgá-lo e esperar a decisão. É claro que o clima é tenso, é claro que as denúncias são gravíssimas, mas a nossa obrigação é esperar o relatório do deputado Nonô. BBC Brasil - E como o senhor o avalia os comentários do senador Demóstenes (Torres, DEM-GO), por exemplo, de que "faltou coragem" ao partido, ao não decidir pela expulsão sumária? Rodrigo Maia - Acho que, da mesma forma que foi coragem dele (Demóstenes) pedir o rito sumário para um governador do partido, foi também muita coragem da maioria ter a convicção de que deveria dar o direito à defesa ao governador. Acho que as duas posições são corajosas: a de defender o rito sumário e a de optar pelo direito defesa. Com toda a pressão da imprensa, eu acho que essa é uma posição corajosa também. BBC Brasil - O senhor fala em uma "decisão majoritária". Mas há representantes do partido que falam que foi uma decisão sua... Rodrigo Maia - Não foi. Foi uma proposta do deputado Onyx (Lorenzoni, DEM-RS) e que eu coloquei em votação e todos... BBC Brasil - Houve votação, então? Rodrigo Maia - Não foi votação. O que houve foi, vamos dizer assim... ninguém se manifestou contra a proposta. Nem os que defendiam o rito sumário. Ninguém pediu votação nominal. Todo mundo acatou aquela decisão pela proposta que o deputado Onyx apresentou e que eu encampei e encaminhei. BBC Brasil - E como está o planejamento do partido em relação a outros quadros mencionados no inquérito, como o vice-governador, Paulo Octávio? Rodrigo Maia - Ninguém pediu abertura de processo para nenhum dos outros dois citados. Só posso me manifestar, só posso encaminhar abertura do processo se algum filiado do partido encaminhar o pedido. BBC Brasil - A situação deles é comparável a do governador Arruda? Rodrigo Maia - Todas as situações são muito complicadas. E vamos avaliar aquelas representações que forem encaminhadas ao partido. BBC Brasil - Como o senhor avalia a postura do PSDB nesse episódio? Rodrigo Maia - Como eu não tive a oportunidade ainda de falar com nenhum deles, não quero julgar o movimento deles. Mas olhando, e pelo que tenho lido, a impressão que me dá é de que faltou um pouco de solidariedade. No momento de crise de um aliado, de crise que nós vivemos hoje, e que o PSDB já viveu no passado, ficar querendo tratar de candidatura a vice, eu acho que é um pouquinho de... é diminuir o problema e tentar se esquivar do problema e não ser solidário ao aliado. Mesmo porque essa é uma decisão que cada partido vai tomar em suas convenções. Eles podem decidir chapa puro-sangue e nós podemos decidir indicar o vice. BBC Brasil - E aí, rompe-se a aliança? Rodrigo Maia - Se tiver incompatibilidade, pode não ter aliança. Mas não acontecerá isso. Agora, nós temos o direito de, na nossa convenção, decidir o que a gente quiser. Aliança com o PSDB, indicação do vice ou não... Cada um vai decidir. Mas tratar disso agora? Até porque a coisa mais importante em uma campanha nacional não são nem os palanques regionais. É o tempo de TV. E o deles é igual ao nosso. Talvez sem o nosso tempo de televisão, a oposição não tenha chance de vencer as eleições. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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