Presidente atua para isolar Dilma da crise

Lula disse duvidar que ela tenha pressionado Lina

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Por Denise Chrispim Marin , Carol Pires e Carlos Magno de Araújo
Atualização:

Preocupado com o desgaste político de sua candidata à sucessão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu ontem em defesa da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. O temor do Planalto é que Dilma seja "colada" à crise que envolve o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O governo também não quer Dilma como personagem da CPI da Petrobrás. Em Quito, capital do Equador, Lula afirmou que considera uma fantasia a declaração da ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira de que teria recebido um pedido de Dilma, no fim de 2008, para "agilizar a fiscalização" envolvendo Fernando Sarney, filho do presidente do Senado. Lina disse que considerou a solicitação um recado para "encerrar" as investigações sobre empresas geridas por Fernando Sarney. "Eu não acredito. Duvido que a Dilma tenha conversado com a Lina sobre qualquer assunto como esse", afirmou Lula, depois de ter participado da 3ª Reunião de Cúpula da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). "Quem construiu essa fantasia, essa história, em algum momento vai ter de dizer que foi um ledo engano. Pode escrever uma matéria assim embaixo: erramos." Lula disse que não havia conversado com a ministra nos últimos dois dias, mas insistiu que "não faz parte da personalidade" de Dilma agir dessa maneira. "Duvido que a Dilma tenha mandado recado ou conversado com qualquer pessoa a esse respeito. Não faz parte da formação política da Dilma." Mas, confrontado com o fato de que o relato sobre o pedido de Dilma partiu da própria Lina, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Lula emendou: "Eu não sei se a Lina falou. Não leio o jornal de domingo. Na segunda-feira, eu ouço as informações." Em viagem a Natal, onde fez um balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Dilma negou ter se reunido com Lina para pedir rapidez nas investigações sobre Fernando Sarney. "Não fiz esse pedido a ela", disse. "Encontrei com a secretária da Receita várias vezes e com outras pessoas junto em grandes reuniões; essa reunião privada a que ela se refere eu não tive." Dilma disse ainda que não fará "interpretações subjetivas" a respeito das declarações da ex-secretária da Receita. "Gostaria de dizer que em momento algum me manifestei com relação a algo que dissesse respeito a ela, nem para ela ser nomeada, nem para ela ser demitida." OPOSIÇÃO Para romper a blindagem palaciana que protege Dilma, a oposição tentará aprovar um convite para que a ex-secretária da Receita preste depoimento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), caso os senadores que representam a base governista na CPI da Petrobrás barrem os requerimentos de convocação de Lina, apresentados pelos senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA). A oposição quer que Lina explique o que sabe sobre as razões de sua demissão e sobre a manobra contábil da Petrobrás, assim como preste informações sobre a conversa que teria tido com Dilma.

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