
12 de janeiro de 2015 | 02h03
Especialistas ouvidos pelo Estado apontam que o cenário de queda da fidelidade da base a Dilma apontado pelo Basômetro reflete a necessidade da presidente em ampliar o diálogo com o Legislativo. "A presidente já começa seu segundo mandato com um déficit de articulação política", avalia o cientista político Murilo de Aragão, diretor da Arko Advice, consultoria especializada em mapear os movimentos do Congresso.
Expertise. Para o cientista político Antonio Lavareda, Dilma terá de empreender grande esforço para dialogar, algo que não fez no primeiro mandato, para enfrentar um cenário de fragmentação da Câmara e de redução da base. "Terá que ter notas de humildade até então inexistentes", disse.
Lavareda destacou a escolha de ministros com mais experiência política, como Kassab e Cid Gomes, que podem realizar esta tarefa com mais desenvoltura que a equipe do primeiro mandato. Ao longo dos quatro anos, Dilma trocou o titular da Secretaria de Relações Institucionais, pasta responsável pela articulação política, duas vezes.
O professor de Ciências Políticas da USP Rubens Figueiredo, entretanto, considera que a manutenção da estratégia de obrigatoriamente contemplar os partidos de sustentação ao governo e aliados regionais, como o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), deixou em setores da sociedade a impressão de que há ministros sem afinidade com suas respectivas pastas. "No fundo, ela tentou contemplar as outras bancadas para diminuir o peso do PMDB."
O partido elegeu a segunda maior bancada na Câmara, com 66 deputados, mas deve ficar à frente do PT, que teve parlamentares indicados para ministérios e secretarias estaduais. Além disso, o PMDB é favorito a presidir a Câmara e o Senado e saiu insatisfeito da reforma ministerial, apesar de ter uma pasta a mais que em 2014. / V.H.F. e P.V.
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