Preocupados com instabilidade política e econômica, governadores se reúnem com Pacheco

Grupo tentou encontro com presidente para discutir harmonia entre os poderes, mas não teve resposta

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Por Marcelo de Moraes
Atualização:

BRASÍLIA - No início da semana passada, o Fórum de Governadores se reuniu em Brasília para cobrar harmonia entre os Poderes. Sem consenso para divulgar uma nota cobrando de Jair Bolsonaro respeito à democracia, o grupo preferiu propor uma reunião com o presidente e com os outros chefes de Poderes. Sem receber qualquer resposta de Bolsonaro, a única reunião marcada até agora ocorre nesta quinta-feira com o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Mesmo com a reunião perdendo peso por causa da falta de resposta de Bolsonaro, os governadores querem deixar claro sua preocupação com a instabilidade política do País, especialmente pela proximidade política das manifestações do 7 de Setembro. A maior preocupação dos governadores são os efeitos dessa instabilidade sobre a economia. Nessa segunda-feira, os dados relativos ao PIB do 2º trimestre já mostraram um recuo de 0,1% em relação ao período anterior, mostrando como a economia vem enfrentando dificuldades nesse cenário de conflitos políticos internos e de tentativa de recuperação dos efeitos causados pela pandemia do coronavírus.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) Foto: Gabriela Biló/Estadão

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Uma terceira onda da doença ainda preocupa os governadores. Wellington Dias, do Piauí, quer aproveitar o encontro para pedir uma mobilização por mais vacinas, temendo justamente um recrudescimento da pandemia pela falta das vacinas para a segunda e terceira doses. A preocupação com a discussão da reforma tributária também será um ponto importante na conversa, já que os governadores rejeitam a proposta apresentada pela equipe econômica.

Boa parte dos governadores deve participar de forma virtual ou delegar a representação para colegas, como é o caso, por exemplo, do governador de São Paulo, João Doria, que deverá ser representado no encontro pelo governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja.

Os governadores não escondem sua preocupação com o impacto do clima político sobre a economia.

“Os países do mundo inteiro tiveram crescimento econômico no último trimestre, numa média de 3% de crescimento e o Brasil é o único negativo, crescendo para baixo como rabo de cavalo, com -0,1 %. E o presidente da República do nosso País declarando o tempo todo guerra artificial para gerar factoides: com os poderes, guerra com os governadores, guerra com os municípios. Os mais pobres são os que mais sofrem”, diz Wellington Dias.

“Nenhum líder do mundo governa dando bons resultados só com pirotecnia. Tem é que trabalhar e é muito, dialogar e é muito, integrar esforços para dar resultados e ninguém faz nada sozinho. Governar é capacidade de articular, de somar e não de dividir. O Brasil está derretendo, sem rumo e sem estratégia como outros fizeram para superar a maior crise da história do mundo”, acrescentou.

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“Nós governadores queremos pacificar as relações nesse País. Fizemos, na semana passada, uma reunião equilibrada com o intuito de reafirmar um pacto em defesa da democracia, da Constituição e das normas legais. Essa pacificação é fundamental para melhorar o ambiente político, institucional e econômico. No entanto, a cada dia uma crise nova aparece e impede o diálogo e, também, a estabilização da economia e a recuperação de investimento. Precisamos dar segurança aos investidores e à grande maioria dos brasileiros que precisam de oportunidade de emprego e renda”, avalia o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB).

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