Preocupado com apagão em sua imagem, FHC culpa ACM

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Por Agencia Estado
Atualização:

A estratégia do governo para tentar diminuir o estrago que o apagão trará para a popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso terá dois pilares. No discurso oficial vai prevalecer a humildade, ou seja, as autoridades federais assumem o erro pelo diagnóstico tardio da crise energética e prometem empenho em resolver o problema. Já no campo político, o governo vai tentar atribuir boa parte do desgaste ao senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), que nos últimos anos indicou os responsáveis pelo setor. O mea-culpa feito pelo presidente em seu discurso após a reunião da Câmara de Gestão da Crise de Energia e o reconhecimento pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan, de falhas na comunicação interna do governo marcaram o início da primeira parte do plano. A idéia do governo é tentar reduzir o impacto negativo, mostrando alguma eficiência e organização na condução do racionamento. Autoridades próximas ao presidente avaliam que não há como o governo justificar a surpresa com um problema tão grave. ?Isso passa à população a idéia de que o governo é ausente e não tem competência para cuidar dos problemas do País?, explicou um assessor do presidente. ?O negócio agora é trabalhar para que a situação não se repita no ano que vem?. Em conversas que teve com vários aliados de sua base política no fim de semana, o presidente Fernando Henrique não deixou de culpar o senador Antônio Carlos Magalhães pela crise na falta de energia, já que apadrinhados seus estiveram no comando do setor elétrico por pelo menos seis anos. O ex-ministro Rodolpho Tourinho também foi alvo das críticas do presidente. Muito irritado, segundo um assessor, o presidente disse que Tourinho nunca lhe repassou a dimensão ou a gravidade da situação. O primeiro indicado por ACM no governo Fernando Henrique foi o ministro de Minas e Energia Raimundo Brito, substituído pelo também baiano Rodolpho Tourinho. O homem de Antônio Carlos na Eletrobras foi Firmino Sampaio, que perdeu o cargo por causa das recorrentes acusações de corrupção que o senador fez ao governo. O presidente também fez questão de lembrar a seus interlocutores que o domínio do senador no setor não vem de agora. Nos anos 70, o próprio Antônio Carlos foi presidente da Eletrobras. Por lá também passou o atual prefeito de Salvador, Antônio Imbassahy, e o deputado José Carlos Aleluia foi presidente da Centrais Elétricas do São Francisco (Chesf). Ambos são carlistas fiéis. ?O setor nesse período todo foi um feudo de ACM, e ele tem responsabilidade sobre o que está econtecendo agora?, ataca o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA). O domínio de Antônio Carlos sobre o setor tem causado constrangimentos também ao atual ministro de Minas e Energia, José Jorge (PFL-PE), que não tem liberdade para criticar uma liderança de seu próprio partido e está sendo obrigado a assumir um desgaste pessoal ainda maior.

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