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Preocupação do governo com CPI da Petrobrás aumenta suspeitas, diz FHC

Ex-presidente atacou governos petistas e comentou situação da Petrobrás durante lançamento de seu livro 'O improvável presidente do Brasil', na Associação Comercial do Rio

Por Luciana Nunes Leal
Atualização:

RIO - Em palestra na qual citou algumas realizações de sua gestão e fez várias críticas aos governos que o sucederam, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta quarta-feira, 9, que a Petrobrás "virou bagunça", apontou "acúmulo de erros na questão energética", e afirmou que o programa bolsa-família não tem oferecido porta de saída suficiente, com oportunidades para os beneficiados.

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"O presidente Lula propunha tanta CPI no meu tempo, por que agora está contra? Se o governo está tão preocupado em impedir, a suspeita de que tem alguma coisa errada aumenta", disse em entrevista na Associação Comercial, onde laçou o livro "O improvável presidente do Brasil". Na palestra, atacou a influência dos partidos na estatal. "Essas loucuras todas na Petrobrás levam a pensar no grande controle que os partidos têm. Dá no que dá. No meu governo, nós arejamos, transformamos em verdade empresa, não repartição pública. Cortamos", disse.

O tucano também raproveitou para rebater a análise de que privilegiou a economia, com a estabilidade da moeda, em detrimento das políticas sociais. "Criar o bolsa-escola, que foi o germe dessas bolsas, não foi fácil. Hoje é glória nacional, glória petista (...). A oposição foi enorme. As bolsas tiveram êxito, o subsídio estava condicionado a frequência na escola e tinha porta de saída. Agora, pouco a pouco não tem porta de saída, estão aumentando a idade da pessoa que pode ter bolsa", disse o ex-presidente na palestra. Em entrevista, afirmou que o bolsa-família "é política fundamental de Estado e tem que ser mantido, melhorar mais, incentivar mais, não diminuir, e dar mais estímulos para as pessoas se integrarem na vida comum".

Diante da plateia formada principalmente por empresários, Fernando Henrique entrou em clima de campanha, ao responder a uma pergunta sobre o futuro do País: "A situação não é desesperadora, mas o caminho está cheio de tropeços e a hora de corrigir é agora nas eleições."

Na mesma resposta, o ex-presidente atacou a política do governo de impedir o aumento do combustível para controlar a inflação. "Houve muito descuido em coisas fundamentais como a energia. Com política para combater erradamente a inflação, tabelando preços conseguimos estragar a Petrobrás e o etanol", criticou, referindo-se ao fato de que, sem aumento da gasolina e do diesel, o álcool combustível deixa de ser competitivo.

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