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Prefeitos de capitais começam hoje a montar vitrines para 2010

Movimentação dos eleitos e reeleitos vai servir para ajudar a pavimentar caminho dos aspirantes ao Planalto

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Foto do author Pedro  Venceslau
Por Julia Duailibi e Pedro Venceslau
Atualização:

Estrelas na eleição de 2008, prefeitos eleitos em capitais politicamente estratégicas assumem os mandatos hoje com uma tarefa: criar palanques e vitrines de suas gestões para pavimentar o caminho dos aspirantes ao Palácio do Planalto em 2010. Nas principais cidades do País, já estão na rua articulações para formar os blocos de força regionais que, respaldados pelos nomes vitoriosos na disputa municipal, influenciarão o voto de quase 20 milhões de eleitores. Acompanhe a posse dos prefeitos nas capitais Íntegra das entrevistas com quatro prefeitos Geografia do voto traz desempenho de partidos A movimentação dos eleitos e reeleitos em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador e Recife vai contribuir para formar o mosaico político da eleição presidencial daqui a menos de dois anos. "Se Dilma Rousseff (PT) for candidata, vai precisar muito mais das máquinas locais que seus adversários. Sua situação é atípica porque não tem histórico eleitoral e vai depender de amarrações locais bem feitas. Já o governador paulista José Serra (PSDB) depende menos. Disputou eleições e tem uma carreira político-eleitoral mais consistente", diz o cientista político Carlos Novaes. De acordo com o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, os prefeitos eleitos "além de estarem na vitrine como novos gestores, são líderes políticos". Com base nesse diagnóstico, a partir de fevereiro o PT faz encontros regionais entre os eleitos para fortalecer a articulação do partido. A avaliação de Berzoini encontra eco entre os tucanos. Para o senador Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, "os prefeitos formam uma equação decisiva" para as eleições presidenciais. "Eles têm influência e relação com as bancadas." Além da articulação política, como no caso do prefeito paulistano Gilberto Kassab (DEM), que saiu da eleição como o principal nome de seu partido, alguns deverão ter força para repassar votos. É o caso de Beto Richa (PSDB), reeleito em Curitiba com 77% dos votos. "Kassab e Richa serão os prefeitos mais importantes nas articulações nacionais. Suas votações permitirão a construção de malhas de apoio local. Márcio Lacerda (PSB), em Belo horizonte, não tem força própria ainda", avalia Novaes. Assim como Lacerda, João da Costa (PT) e João Henrique (PMDB), eleitos no Recife e em Salvador, respectivamente, terão papel menor, já que se mantêm na sombra de lideranças maiores. Com a vitória em São Paulo, Kassab credenciou-se como um dos principais articuladores nacionais da candidatura Serra. Depois da reeleição, passou a viajar mais para fora do Estado - esteve no Espírito Santo, na Bahia e diversas vezes em Brasília - e a receber com frequência, em seu gabinete ou em casa, caciques regionais. A missão de Kassab, porém, não é simples: amarrar o apoio do DEM ao governador paulista, blindar a aliança com os tucanos onde for possível e ajudar a atrair o PMDB para o projeto nacional - o prefeito conquistou o partido localmente com a concessão a Orestes Quércia de vaga na disputa ao Senado. RIO No Rio de Janeiro, um dos Estados onde o resultado da eleição de 2008 mais favoreceu a candidatura do PT ao Planalto, a situação é hoje um pouco mais definida. Com a vitória de Eduardo Paes (PMDB) na capital, formou-se uma aliança consolidada entre o prefeito, o governador Sérgio Cabral (PMDB) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diante da ausência de quadros fortes da oposição, delineou-se um palanque entre PT e o volúvel PMDB. "O governador, o presidente e o prefeito estarão juntos no Rio", avalia o deputado petista Jorge Bittar (RJ). A nota destoante no acerto fluminense é o prefeito reeleito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias. Sua candidatura ao governo estadual é defendida por correntes do PT que pregam independência em relação a Cabral. Se o candidato a presidente pelo PSDB for Serra, ele terá de trabalhar em Minas para obter um palanque. Lacerda deve seguir a orientação de seu partido, que é: apoiar o candidato de Lula ou lançar Ciro Gomes ao Planalto. Aécio Neves, por sua vez, resiste à ideia de ser vice em uma chapa puro-sangue tucana. E prometeu apoiar um candidato do PT, o prefeito Fernando Pimentel, ao governo estadual. Nem o PT tem garantido apoio no Estado. "A aliança com o PMDB daqui será difícil porque (o ministro) Hélio Costa (Comunicações) quer sair candidato ao governo. Aqui Dilma deve ter dois palanques", diz o presidente do PT mineiro, Reginaldo Lopes. CURITIBA Também conturbada é a situação em Curitiba. Richa, aliado de Serra que teve uma vitória acachapante em cima do PT, pode ser pressionado pelo PSDB a se lançar candidato ao governo para dar palanque aos tucanos no Paraná. Mas ele obteve o apoio do senador Osmar Dias (PDT), pré-candidato ao governo do Estado, o que dificultaria sua entrada na disputa. No Recife, quem vai ditar os rumos das alianças não será o prefeito eleito João da Costa, mas o que sai, João Paulo. Ao lado do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), próximo a Serra, e do atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), João Paulo se tornou a principal força política do Estado. O petista pode disputar uma cadeira no Senado e apoiar uma eventual reeleição de Campos. Ou pode ainda se lançar candidato ao governo, caso o governador seja um nome para compor a Vice-Presidência na chapa petista. Isso tudo se o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) não se lançar ao Planalto e embolar o cenário. Outro visto com um papel menor na composição de forças regionais é o prefeito de Salvador. João Henrique conseguiu a vitória com o apoio do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB). Mas, após desentendimento com o governador Jaques Wagner (PT), trabalha para que seu partido esteja na oposição. Apontado por líderes petistas como um nome para compor a vice na chapa encabeçada pelo PT em 2010, Geddel tem ambições de concorrer ao governo da Bahia. Para complicar o quadro, Wagner é candidato à reeleição com o apoio de Lula e de Dilma. Pelo menos, por enquanto.

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