Prefeito de Lorena-SP é afastado para investigações

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Por JOÃO CARLOS DE FARI
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A população de Lorena, a 190 quilômetros da capital paulista, está apreensiva depois que o prefeito Paulo Cezar Neme (PTB) foi afastado pela Câmara Municipal, na última segunda-feira, quando os vereadores aprovaram por unanimidade a abertura de uma Comissão Processante (CP) para investigar crimes administrativos que teriam sido cometidos por ele, que também sofre a acusação de prática de pedofilia.O advogado de Neme, José Roberto de Moura, protocolaria hoje um pedido de liminar na Justiça local, para suspender a decisão dos vereadores. A intenção da defesa é que Neme volte ao cargo.Pela manhã, o vice-prefeito Marcelo Bustamante, também do PTB, assumiu o cargo prometendo "enxugar a máquina", caso seja mantido no cargo. A comissão, formada pelo presidente do Legislativo, Elcio Vieira Junior (PV), e pelos vereadores José Carlos da Silva (PDT) e Roberto Bastos de Oliveira Junior (PTB), deverá apurar denúncias de suposta prática de pedofilia contra o prefeito, além de uso irregular de carro oficial e falta de resposta aos requerimentos da Casa. O prazo de apuração é de 90 dias, mas Vieira quer apressar o processo. "Em 60 dias teremos o julgamento." Neme já é investigado desde 2008 pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que apura denúncias de pedofilia e há duas semanas foi chamado na tribuna de "malandro, pilantra e vagabundo" pelo senador Magno Malta, que entregou uma denúncia contra Neme no Tribunal de Justiça de Brasília e no Ministério Público Federal, pedindo a sua prisão pela prática de pedofilia. O crime é negado pelo prefeito. Em maio, o prefeito também teria entregado um carro oficial para um homem sem habilitação, que iria realizar serviços particulares, caracterizando falta de zelo pelo patrimônio público. Neme também não responde a requerimentos da Câmara há mais de um ano. O prefeito ainda não foi notificado pessoalmente e estaria sumido da cidade. Segundo o presidente da Câmara, Hélcio Vieira Junior (PV), hoje o prefeito foi procurado em toda a cidade, mas não foi encontrado. Um assessor da prefeitura informou que possivelmente Neme se apresente na tarde de amanhã, para ser notificado.Choque de gestãoO prefeito em exercício, Marcelo Bustamante, disse que seu primeiro objetivo é tranquilizar a população, que está dividida. "O prefeito era uma pessoa muito querida na cidade, mas agora muita gente está contra ele", disse o médico, de 53 anos, que rompeu relações com Neme em fevereiro de 2010, quando deixou o cargo de secretário municipal de Saúde.Bustamante disse que pretende "dar um choque de gestão e enxugar a máquina", com o apoio da Câmara. "Hoje a prefeitura tem mais de 200 cargos em comissão e vamos reduzir para 90. O número de secretarias também deverá ser reduzido de 19 para 12, no máximo", disse. As medidas, no entanto, segundo ele, só serão tomadas se a Justiça ratificar a decisão dos vereadores.

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