PUBLICIDADE

´Posição do presidente americano é dele´, afirma Dilma

De acordo com ministra, Brasil não mantém relações excludentes com nenhum país

Por Agencia Estado
Atualização:

A chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou na quarta-feira, 7, que o Brasil não tem relações excludentes com nenhum país, ao comentar as declarações do presidente dos EUA, George W. Bush, em entrevista ao Estado e a outros quatro veículos de comunicação latino-americanos. Na entrevista, publicada na quarta-feira, Bush criticou o modelo estatizante do presidente venezuelano, Hugo Chávez, dizendo que ele leva à pobreza. "A posição do presidente George W. Bush é a dele", afirmou Dilma. "A posição do Brasil é a de manter relações com os EUA e demais países do continente americano, como a Venezuela, a Argentina e o Uruguai." A ministra garantiu que "a relação do Brasil com os EUA é a melhor possível". Dilma afirmou, contudo, que o Brasil vai insistir com os EUA na derrubada das barreiras tarifárias sobre o etanol brasileiro. "Não é possível o Brasil não defender o direito de vender o etanol nacional, que é o mais competitivo", disse. "Vamos defender a presença do produto no mercado americano e no mercado em geral." Segundo ela, a política de etanol deve ser igualitária, especialmente quando se "trata de uma parceria", numa referência ao acordo que deve ser assinado na sexta-feira, 9, entre Bush e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ministra disse que a visita do presidente dos EUA poderá resultar em um avanço de propostas relativas à produção de etanol, como o incentivo à pesquisa e a definição de padrões e especificações do combustível, itens que precisam ser respeitados no processo de exportação. Sintonia Na avaliação do Itamaraty, a entrevista de Bush mostrou que, nos grandes temas, como etanol, Haiti e Rodada Doha, os discursos de Brasil e EUA "estão sintonizados". As declarações do presidente americano foram consideradas indicadoras de que existem interesses comuns entre os dois países e de que as relações bilaterais só tendem a melhorar. No Planalto, a repercussão foi ainda mais otimista. Auxiliares de Lula comentaram que a fala de Bush mostra que os dois países podem caminhar juntos em muitas questões, com na parceria para disseminar a tecnologia do etanol na América Latina e para as questões da Rodada Doha. "Os dois presidentes estão comprometidos em que os entendimentos avancem", comentou um assessor palaciano. Ele ressaltou que Bush foi "muito gentil" e "simpático" nas referências a Lula. "É uma demonstração clara da boa relação que tem marcado todos os encontros e conversas que eles tiveram até hoje." Agenda positiva O Ministério das Relações Exteriores evitou comentar temas da entrevista relacionados a outros países, como as críticas de Bush a Chávez. "Não nos cabe servir de intermediários em questões de outros países. Temos uma agenda positiva com os EUA. É isso que pretendemos discutir, e não os problemas que existem entre os dois países", comentou um diplomata ligado ao gabinete do ministro Celso Amorim. Uruguai Outra questão referente a outros países sobre a qual oficialmente o governo brasileiro prefere não se posicionar é em relação aos acordos bilaterais, que o Brasil entende prejudiciais ao Mercosul. Na entrevista, Bush descartou a assinatura de acordo bilateral com o Uruguai. A própria chefe da Casa Civil disse que o governo brasileiro não se manifestaria sobre a declaração do presidente americano. Lula trabalhou para que o Uruguai não assinasse esse tipo de acordo bilateral, que o obrigaria a sair do Mercosul.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.