Pós-impeachment, ONU apela para que violência seja evitada no Brasil

Entidade ainda alerta que autoridades precisam garantir que manifestações sejam lidadas dentro dos padrões do direito internacional

Por Jamil Chade
Atualização:

GENEBRA - A ONU apela para que "todos os atores" no Brasil "evitem a violência", depois do resultado da votação do impeachment. Na noite de quinta-feira, 1º, São Paulo registrou protesto pelo quarto dia seguido. A entidade ainda alertou às autoridades de que devem garantir que manifestantes sejam lidados dentro dos padrões do direito internacional. 

"O direito da liberdade à associação pacífica é elemento essencial de uma democracia", declarou a porta-voz da ONU para Direitos Humanos, Ravina Shamdasan. "Pedimos às autoridades para garantir que manifestações sejam lidadas com o total respeito pelas leis internacionais de direitos humanos e os padrões de uso da força", declarou. "Apelamos todos os atores no Brasil a evitar a violência", insistiu nesta sexta-feira em Genebra. 

Ban Ki Moon,secretário-geral da Organização das Nações Unidas Foto: AFP

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Nos últimos meses, a ONU tem acompanhado de perto a forma pela qual a Polícia Militar tem reagido diante de manifestações. A entidade já chegou a enviar comunicados oficiais às autoridades nacionais alertando para o uso exagerado da força em alguns casos. 

Ao Estado, em maio, o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, também pediu "serenidade" a "todos os lados" envolvidos na crise política, justamente temendo uma instabilidade social no País. 

Há dois dias, seu escritório em Nova Iorque comentou o resultado da votação no Senado brasileiro. "O secretário-geral envia seus melhores desejos ao presidente Temer no início de seu mandato. Ele confia que, sob a liderança do presidente Temer, o Brasil e as Nações Unidas continuarão sua estreita parceria. O secretário-geral agradece a presidente Rousseff por seu comprometimento e apoio ao trabalho das Nações Unidas durante seu mandato", indicou a ONU em um comunicado. Mas sua declaração não lidou com o aspecto da violência que foi registrado depois da votação. 

O ato na quinta-feira, por exemplo, interditou completamente a avenida Paulista por volta das 20 horas, registrou episódios de confusão após um grupo de manifestantes seguir em direção à sede do PMDB, na Rua Manoel da Nóbrega, próximo à Assembleia Legislativa.

A Polícia Militar, que acompanhava o grupo desde a Paulista, tentou dispersar os manifestantes usando bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Um grupo de mascarados respondeu jogando pedras em direção aos policiais. Também foram registradas cenas de vandalismo, como a quebra de vidraças de agências bancárias. Manifestantes ainda atearam fogo em sacos de lixo.

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