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Porto de Santos volta à normalidade

Por Agencia Estado
Atualização:

O porto de Santos voltará a operar normalmente a partir das 7 horas desta terça-feira, quando os estivadores voltarão às paredes (local onde é feita a escala) e serão escalados pelo Órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo), de acordo com o sistema de rodízio por ordem numérica. "A assembléia aprovou a volta ao trabalho e, dessa forma, a estiva cumpre a lei e a sentença judicial", explicou o presidente do Sindicato dos Estivadores de Santos, Vanderlei José da Silva, que viaja nesta segunda-feira a Brasília junto com outras lideranças sindicais e políticas para manter contatos em vários ministérios, na tentativa de conseguir, principalmente, a criação de um Plano de Desligamento Voluntários para os trabalhadores em idade de aposentadoria. O movimento foi iniciado dia 27 do mês passado, quando chegou a ordem de cumpir sentença judicial determinando a passagem da escalação para o Ogmo e a mudança na metodologia de escolha dos estivadores. Os trabalhadores estarão concentrados nesta segunda-feira na Praça Mauá, aguardando o retorno dos dirigentes sindicais com as novidades de Brasília, mas a volta ao trabalho ocorrerá independente dos resultados dos encontros. Ao cumprir essas determinações da justiça, o sindicato joga na incapacidade de o Órgão Gestor fazer a escala, num claro desafio . "Daqui para a frente, os problemas todos serão de responsabilidade do Ogmo", disse Vanderlei. Para ele, "qualquer criança faz a escala por ordem númerica, pois basta saber contar", mas o complicador é a distribuição dos estivadores no terno (equipe). "É preciso colocar o homem certo na operação certa e o pessoal contratado pelo Ogmo não é qualificado e nem foi treinado para isso". Segundo ele, a metodologia adotada pelo seu sindicato "é a mais moderna do mundo e foi exportada para a Europa e Estados Unidos". Sem saída - O movimento dos estivadores começou a mostrar sinais de esgotamento já no sábado. Vanderlei José da Silva admitiu publicamente que a situação estava muito difícil. "As liminares para os operadores portuários estão saindo com uma facilidade incrível, são todas iguais e não há como derrubá-las". Essas liminares permitem que os navios sejam operados sem a mão-de-obra estivadora e foi graças a elas que o porto voltou a funcionar parcialmente nos últimos dias, principalmente em movimentação de cargas em contêineres ou granéis sólidos. Se a situação estava complicada na Justiça, o líder desaconselhou, durante a assembléia, enfrentamentos. "O porto nunca esteve tão policiado como nestes dias e, embora haja apenas três ou quatro policiais nos portões, não se iludam, que a tropa de choque está lá dentro". Na sexta-feira, havia falhado a última tentativa de fechar um acordo com o Órgão Gestor de Mão-de-Obra, quando os dirigentes da entidade cancelaram a reunião e convocaram a imprensa para uma coletiva, em que esclareceram sua posição diante do movimento da estiva. Sem interlocutores, pagando multa diária de R$ 200 mil por descumprimento de decisão judicial, com as portas da justiça fechadas e a presença nada discreta da tropa de choque, não restou aos estivadores outra alternativa sem ser a volta ao trabalho. PDV - Mesmo com a decisão de voltar às paredes, a estiva continua tentando negociar o Plano de Desligamento Voluntário e as lideranças viajam hoje a Brasília para tentar junto ao chefe da Casa Civil, Pedro Parente. "O ministro foi receptivo à idéia e esperamos fazer um acordo que permita o desligamento dos estivadores em condição de aposentadoria". Segundo cálculos de Vanderlei José da Silva, o custo desse PDV será de aproximadamente R$ 80 milhões. "O governo chegou a oferecer no início do ano financiamento da Caixa ao Ogmo, com juros de 4,5% ao ano, mas os empresários recusaram".

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