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Porto de Santos pode ganhar pólo industrial

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma lei sancionada no início de dezembro pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é o primeiro passo para a criação de um pólo tecnológico e industrial no Porto de Santos (SP). De autoria da deputada estadual Mariângela Duarte (PT), o projeto prevê facilidades para a instalação no local de pequenas e médias empresas de diversas áreas da economia para agregar valor aos produtos que passam pelo porto, com o objetivo de estimular a industrialização voltada para a exportação. Empresas de pequeno e médio porte já demonstram interesse em partir para a Baixada Santista. De acordo com a deputada, a intenção é fazer com que as empresas instaladas na área retroportuária possam produzir mercadorias acabadas e semi-acabadas, aproveitando-se das facilidades logísticas da proximidade com o porto, que movimenta o equivalente a 25% da balança comercial brasileira. "Acreditamos que as instalações possam começar em 2003", afirma. Para Mariângela, o plano deve ganhar força com a regionalização do porto, cuja administração deverá passar da União para o governo do Estado, com participação dos municípios portuários. "A descentralização do poder no porto será importante para desenvolver o pólo", acredita. O projeto da deputada vem ao encontro de um plano paralelo da iniciativa privada, que pretende levar para a Baixada Santista 50 pequenas e médias empresas. Elas poderão se instalar em uma área de 300 mil metros quadrados do porto público ainda pouco aproveitada. O diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Santos, Mário Lubliner, conta que a entidade apóia a criação de uma plataforma industrial a ser desenvolvida em áreas alfandegadas para facilitar os trâmites de exportação e importação. Segundo Lubliner, as 50 empresas interessadas são de diversos setores, como metal-mecânica, transformação de plásticos, eletroeletrônicos, confecções, calçadista, alimentos e agrícola. Ele está coletando os dados sobre as companhias para enviá-los à Receita Federal, que concede as áreas alfandegadas. Lubliner, que faz parte do Conselho da Autoridade Portuária (CAP) de Santos, afirma que, para a instalação, pode ser utilizado um terreno de 245 mil metros quadrados pertencente à Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, companhia federal que administra o porto) e mais algumas áreas remanescentes. Sem guerra fiscal As empresas interessadas em se instalar no pólo de Santos não terão benefícios financeiros ou fiscais, já que o governador Alckmin vetou o artigo do projeto que previa essas concessões. "Isso não tem a menor importância", afirma a deputada Mariângela. De acordo com ela, a idéia não é criar uma guerra fiscal, e sim estimular o desenvolvimento tecnológico e industrial da Baixada, que atualmente depende da economia da capital paulista. A idéia de porto industrial não é nada nova. Na verdade, é inspirada no exemplo de portos europeus, como Havre (França), Antuérpia (Bélgica), Roterdã (Holanda) e Hamburgo (Alemanha). Todos eles possuem áreas retroportuárias repletas de empresas que trabalham com embalagem, montagem, reparação e movimentação dos produtos que chegam a esses países por via marítima. A aplicação de tecnologia e a inteligência logística faz com que esses países se tornem, por exemplo, importantes exportadores de produtos alimentícios industrializados. "Alemanha e Itália exportam café industrializado sem precisar plantar nada", declara Lubliner. Porto Digital De acordo com Mariângela, o projeto do Porto Digital de Recife (PE) é o principal exemplo nacional de como desenvolver tecnologia na área portuária. Ela lembra que o governo de Pernambuco foi o indutor do desenvolvimento da região, injetando R$ 33 milhões no Porto de Recife (oriundos da privatização da Celpe, distribuidora de energia elétrica de Pernambuco). Desse total, R$ 23 milhões foram aplicados na reurbanização do bairro portuário e na recuperação da área degradada e R$ 10 milhões financiaram as empresas. O Porto Digital pernambucano, lançado em 2000, hoje congrega 34 empresas. De acordo com a deputada, um pólo semelhante em São Paulo poderá atrair mais de 200 empresas, movimentando R$ 400 milhões e gerando empregos para a região.

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