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Por que eu quero ser prefeito de São Paulo: José Serra

Em carta escrita a pedido do ‘Estado’, tucano faz referência ao mensalão e afirma que São Paulo ‘não pode ser vítima de corruptos e corruptores’

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Por Redação
Atualização:

 

Quero ser prefeito porque amo esta cidade e porque acho que ela não pode ser vítima dos "corruptos e corruptores", dos "profanadores da República", dos "subversivos da ordem institucional", dos "marginais da ética do poder". Aqui nasci, me criei, estudei e comecei minha vida pública. Em São Paulo vivem meus filhos e netos. É uma cidade rica, pujante, cheia de soluções e problemas. Tenho com ela uma imensa dívida de gratidão. Já fui e fiz muita coisa, mas sempre vi o mundo da janela da pequena casa na Villa da Mooca. Lá passei minha infância e convivi com crianças de todas as origens, filhas, como eu, de trabalhadores - gente boa, honesta e generosa, que marcou minha personalidade.

 

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Nunca deixei de carregar comigo as minhas origens, de enxergar o mundo a partir da janela da casinha da Villa. Como o faço agora, quando escrevo este texto.

 

O amor pela cidade seria condição necessária e suficiente para querer ser prefeito. Mas há chamas adicionais que aquecem esse desejo: o impulso de melhorar a vida dos paulistanos; o tamanho dos desafios, que me encorajam em vez de assustar-me; a certeza de que, aliando minha experiência ao conhecimento da metrópole, poderei fazer o que gosto: resolver problemas. É uma vocação, precedida por um princípio: para mim, a política é a arte de servir ao próximo, e não de se servir dele.

 

Tenho certeza de que, se eleito, promoverei avanços na saúde, no transporte, na educação, no meio ambiente, na cultura, na moradia. Mais favelas deixarão de ser favelas; mais metrô e trens; menos poluição e sujeira; mais verde e limpeza. Menos espera para consultas, exames e cirurgias; mais ensino técnico. Bilhete único valendo o dobro de horas; bolsas para mães que aguardam vagas nas creches; mais museus e bibliotecas. Tudo em parceria com o governador Geraldo Alckmin.

 

Quero ser prefeito para honrar o lema de São Paulo: Non Ducor, Duco (Não Sou Conduzido, Conduzo). A cidade, berço da Revolução de 1932, não deve e não pode ajoelhar-se diante do partido do mensalão, cuja quadrilha procura, nesta eleição, uma espécie de anistia política. Como disse um ministro do STF, são "os corruptos e corruptores, os profanadores da República, os subversivos da ordem institucional, os delinquentes, marginais da ética do poder, os infratores do erário, que trazem consigo a marca da indignidade, que portam o estigma da desonestidade". Os paulistanos valorizam, sim, a ética, a honestidade e a honra. E hão de contribuir com esta virada histórica: o começo do fim da impunidade no Brasil! É por tudo isso que quero ser prefeito de São Paulo. Um prefeito do tamanho da nossa cidade."

 

A preferência por massa com manjericão e tomate frescos e a paixão pelo Palmeiras são algumas das evidências da ascendência italiana de José Serra.

 

Quem é José Serra. Nascido em 19 de março de 1942, ele se refere com frequência à origem dos pais. Francesco Serra trabalhava vendendo frutas no Mercado Municipal, mas preferia que o único filho estudasse a ajudá-lo no trabalho. Alfabetizado no Colégio Dom Bosco, Serra era sócio do Clube do Livro e fã de Machado de Assis. Na juventude, ouvia Beatles e Luiz Gonzaga.

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Ao 18 anos, Serra ingressou no curso de engenharia civil da Escola Politécnica da USP, onde se aproximou do movimento estudantil. Elegeu-se presidente da UNE em 1963. No ano seguinte, com o golpe militar, ele se exilou no Chile, onde estudou Economia e fez mestrado em Ciências Econômicas.

 

Também no Chile, Serra conheceu sua mulher, Monica, com quem tem dois filhos. O golpe liderado pelo general Augusto Pinochet o fez se refugiar nos Estados Unidos. Lá estudou e trabalhou como professor em Princeton.

 

O regresso ao Brasil ocorreu em 1977. Retomou a vida política em 1983, quando assumiu a secretaria de Economia e Planejamento de São Paulo, no governo Franco Montoro. Deixou o cargo em 1986, eleito deputado federal pelo PMDB.

 

Ao lado dos então senadores Fernando Henrique Cardoso e Mario Covas, foi um dos fundadores do PSDB em 1988. Reelegeu-se deputado em 1990 e foi eleito senador em 1994. Foi ministro do Planejamento e da Saúde de FHC.

 

Disputou a Presidência pela primeira vez em 2002. Foi eleito prefeito de São Paulo em 2004. Dois anos depois, renunciou dizendo que "não deixaria a cidade" e foi eleito governador. Seu vice, Gilberto Kassab assumiu e, em 2008, foi reeleito para um novo mandato.

 

Em 2010, Serra vence em 11 Estados e na capital paulista, mas perde nova disputa pela Presidência.

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