Por CPI da Petrobrás, Aécio e Campos repetem tática eleitoral no Congresso

Pré-candidatos da oposição à Presidência da República unem forças, aprovam ida de presidente da estatal e ministro de Minas e Energia a comissões temáticas, obtêm assinaturas no Senado suficientes para investigação e agora travam batalha na Câmara

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Por Atualizado em 26.03 e às 13h
Atualização:

CORREÇÃO: A reportagem informava, erroneamente, que já havia 27 assinaturas de senadores para instalação da CPI da Petrobrás. A informação correta é que há 20 assinaturas na Casa. A versão publicada abaixo foi corrigida.

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Brasília - A estratégia conjunta de não-agressão na campanha eleitoral firmada entre os pré-candidatos a presidente da República, senador Aécio Neves (PSDB), e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), foi transformada nesta terça-feira, 24, em uma outra aliança, desta vez no Congresso, para viabilizar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar irregularidades na Petrobrás.

Ao final desta terça, a oposição já tinha 20 assinaturas no Senado. Assinaram até agora o requerimento os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Taques (PDT-MT), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Mário Couto (PSDB-PA), Cristovam Buarque (PDT-DF), José Agripino (DEM-RN), Cyro Miranda (PSDB-GO), Aécio Neves (PSDB-MG), Cícero Lucena (PSDB-PB), Pedro Simon (PMDB-RS), Randolfe Rodrigues (Psol-AP), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Rubem Figueiró (PSDB-MS), Ana Amélia (PP-RS), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Lúcia Vânia (PSDB-GO), Sérgio Petecão (PSD-AC), Jayme Campos (DEM-MT) e Wilder Morais (DEM-GO).

As negociações em curso para a formação dos palanques eleitorais em seus Estados foi um elemento fundamental para a adesão. Taques, por exemplo, deve ser o candidato a governador que dará palanque a Campos no Mato Grosso. Ana Amélia, por sua vez, caminha para fechar com o PSDB e dar palanque a Aécio no Rio Grande do Sul. O partido de Cristovam, o PDT, negocia com o PSB uma candidatura contrária ao PT no Distrito Federal.

Mas o que mais pesou foi o interesse dos dois principais candidatos de oposição em desestabilizar a presidente Dilma Rousseff a poucos meses do início da campanha eleitoral. Aécio, após se reunir à tarde com lideranças da oposição na Câmara e no Senado deixou claro esse interesse, ao mencionar a possibilidade de a própria Dilma comparecer para depor. "Queremos trazer o senhor (Nestor) Cerveró, o diretor Paulo Roberto (Costa), o ex-presidente da empresa (José Sérgio Gabrielli) e até a própria presidente da República, se achar necessário, que venha aqui também prestar esclarecimentos. É o que queremos". Também falou sobre a importância do PSB no processo: "A colaboração do PSB para alcançar a adesão necessária é indispensável".

De São Paulo, onde participou de um evento, Campos orientou parlamentares do PSB que deveriam assinar qualquer proposta: CPI, CPMI, requerimento, tudo o que fosse possível para desgastar a imagem de "boa gerente" de Dilma. Ligou para o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e disse que havia se convencido da necessidade de aderir ao movimento dada "a gravidade da situação".

Convites.

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O efeito foi imediato. Já pela manhã, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), principal aliado de Campos no Senado, conseguiu aprovar na Comissão de Meio Ambiente e na de Assuntos Econômicos, requerimentos de convite para que a presidente da Petrobrás, Graça Foster, e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, compareçam à Casa. Foster para falar sobre Pasadena, e Lobão para discorrer sobre problemas no setor de energia do País.

A opção preferencial por uma CPI mista foi definida à tarde por Aécio na reunião com lideranças da oposição. O motivo é que seria improvável conseguir abrir uma CPI exclusiva na Câmara, tendo em vista que a lista de requerimentos para instaurar uma comissão na Casa é extensa e não há disposição do presidente, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), em furar essa fila.

"Já tem o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a Polícia Federal investigando. Nunca tantos órgãos investigaram ao mesmo tempo uma matéria como esta. Então, agora é aguardar essa apuração. Uma CPI meramente para atear fogo em questões políticas em ano eleitoral, eu acho que não é a vontade do País", disse ele nesta terça pela manhã. Já uma CPI exclusiva do Senado teria de ter o aval do presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL), que já declarou, na semana passada, ser contrário a ela.

Com as 27 assinaturas do Senado asseguradas, o objetivo nesta quarta é conseguir fechar as 171 assinaturas mínimas de deputados necessárias para que o requerimento seja apresentado. A tarefa de coleta na Câmara cabe a quatro partidos: PPS, PSDB, DEM e PSB. Até o fechamento desta edição, faltavam aproximadamente 50 deputados para completar o número obrigatório e muitos oposicionistas sequer haviam assinado.

A expectativa é de que o número será obtido e também com a ajuda da base aliada. 

(COLABORARAM EDUARDO BRESCIANI e JOÃO DOMINGOS)

 

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