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Por 2010, Alckmin e Kassab se aproximam

Rivais em 2008, eles aparecem em SP juntos e tentam mostrar união

Por Julia Duailibi e
Atualização:

Quase um ano após a eleição municipal de 2008, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e o ex-governador paulista e atual secretário de Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSDB), participaram ontem de evento público no qual tentaram mostrar união em torno do projeto eleitoral de ambos os partidos para 2010. O encontro, na vistoria de obras de uma escola na zona sul paulistana, foi o primeiro entre Kassab e Alckmin articulado pelas próprias assessorias, sem a presença do governador de São Paulo, José Serra. Desde a disputa pela prefeitura paulistana, da qual ambos participaram, a relação entre eles estava ruim. Kassab disputou com o apoio de Serra e venceu. Alckmin terminou em terceiro lugar e ainda teve de enfrentar um racha no partido, já que parte do PSDB apoiou o prefeito. Tucanos já vinham sugerindo a Alckmin que se aproximasse de Kassab, de modo a fortalecer sua candidatura ao governo do Estado no ano que vem. O ex-governador tem a seu favor o bom desempenho nas pesquisas e uma razoável costura política no interior paulista. Mas ainda enfrenta resistência por parte do DEM, de Kassab. O prefeito, peça importante na articulação, trabalha no bastidores pela candidatura ao governo de Aloysio Nunes Ferreira, chefe da Casa Civil de Serra. Alckmin já vinha conversando com Kassab por telefone, mas o passo de ontem foi o mais importante no caminho de uma real aproximação. Na semana passada, a equipe de Alckmin deu o primeiro passo e telefonou para o gabinete do prefeito. Já tinha em mente a vistoria das obras da Escola Técnica Estadual (Etec) de Heliópolis - as escolas técnicas são as "meninas dos olhos" do tucano, que tem percorrido o interior para inaugurações. Kassab não poderia comparecer. O evento acabou sendo adiado para ontem. No encontro, Alckmin e Kassab trocaram elogios discretos. O prefeito chegou a chamar o tucano de "querido", mas usou o mesmo adjetivo para tratar o governador Serra. Alckmin, por sua vez, elogiou a parceria da prefeitura com o Estado. Os dois, porém, foram protocolares ao comentar a aproximação. "A aliança (entre PSDB e DEM) existe, é sólida, tem um líder e vai continuar na cidade e no Estado, sempre que possível", disse Kassab. "Há uma enorme sinergia entre município e Estado. É uma parceria em benefício da população", desconversou o tucano. A articulação entre os dois passa pelo ex-governador Orestes Quércia (PMDB), que prefere ver Alckmin disputando o governo a tê-lo como concorrente em uma das duas vagas que a aliança PSDB-DEM-PMDB terá na disputa pelo Senado em 2010. Em um exemplo dessa aproximação, Alckmin e Quércia conversaram ontem por telefone. Ainda assim, o peemedebista investe no discurso conciliador. "Se eu fosse votar, seria no Aloysio. Mas me dou muito bem com o Alckmin. E quem vai decidir é o governador Serra e o PSDB", disse. Ontem, entusiastas da candidatura de Aloysio diziam ter sido pegos de surpresa pelo encontro entre Kassab e Alckmin, mas minimizavam o significado do evento. A estratégia que guia a candidatura do chefe da Casa Civil tem sido apoiada principalmente na capacidade de montar um leque sólido de alianças. Kassab não só vinha sendo apontado como parte certa no acordo, como seria a ponte para atrair o PMDB.

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