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População brasileira tende a crescer menos

Por Agencia Estado
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A taxa de fecundidade brasileira está caindo progressivamente. Esse movimento reproduz, em ritmo mais acelerado, uma tendência que ocorreu nos países desenvolvidos no início do século XX. Relatório do IBGE divulgado ontem mostra que o número de filhos por mulher passou de 2,7, em 1992, para 2,2 no ano passado. A expectativa é que esse índice chegue a 2,15 em 2005. O estudo reorganiza dados estatísticos já existentes a fim de permitir algumas comparações e tendências, em conformidade com padrões de análise da população adotados pelo Fundo das Nações Unidas para a População (Fnuap) e foi divulgado junto com outra pesquisa do próprio órgão da ONU. Este ano, a agência enfocou a relação do crescimento populacional com as mudanças ambientais. "A taxa brasileira começa a se aproximar da Europa Ocidental e de países do antigo bloco socialista", observou Luiz Antônio Oliveira, chefe do Departamento de População e Indicadores Sociais do IBGE. Ele mencionou, por exemplo, o Rio - onde cada mulher tem, em média, 1,9 filho - como o primeiro Estado brasileiro a possuir um índice semelhante ao dessas nações. Nos países desenvolvidos, a fecundidade está em 1,6 filho por mulher, o que significa que eles estão abaixo da linha de reposição e com uma população que envelhece rapidamente, revela o estudo do Fnuap. Isso ocorre em, aproximadamente, 50 países, responsáveis por 45% da população mundial. "Deverá haver uma queda em número absoluto da população", explicou Oliveira. No Brasil, a redução da taxa de fecundidade não está restrita às regiões mais ricas do País. No Nordeste, ela caiu de 3,2 para 2,6 durante a década de 90. O mesmo aconteceu na região Norte (3,8 para 3,1). A única que ficou abaixo da média brasileira foi a Sudeste, com 2,1. Na opinião do presidente do IBGE, Sérgio Besserman, essa queda tem impacto positivo para o desenvolvimento do País. "A proporção de população economicamente ativa em relação ao porcentual de inativos ainda é maior. Então, temos de aproveitar esse momento para planejar e equacionar problemas como a Previdência Social, pois já sabemos que a população vai envelhecer." Segundo o Fnuap, a população brasileira deve chegar a 247,2 milhões em 2050. O órgão calcula que, em 2001, o Brasil fechará o ano com 172,6 milhões de habitantes. A população mundial, que hoje é de 6,1 bilhões de pessoas, deverá chegar a 9,3 bilhões em 2050 - um crescimento de 50%. O problema é que 85% dessas pessoas deverão viver em países pobres. A agência estima que seis nações serão responsáveis por metade desse crescimento (Índia, China, Paquistão, Nigéria, Bangladesh e Indonésia). Outro fator que deve favorecer o crescimento da população é a queda da mortalidade infantil. A redução está ocorrendo inclusive nos países pobres. Segundo o IBGE e o Fnuap, a instrução da mãe é determinante para a queda dos índices de mortalidade. No grupo de mães brasileiras com menos de quatro anos de estudo, em cada 1.000 crianças que nasceram em 1999, 93 morreram. Quando a mãe tinha mais de oito anos de estudo, o número de mortes caiu para 29,7 por 1000.

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