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População brasileira dá nota 6,5 ao Judiciário

Conclusão é de levantamento feito pela primeira vez pela Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas

Por Anne Warth
Atualização:

Quanto maior a renda e o grau de escolaridade, menor a confiança da população na Justiça brasileira. Esse é um dos retratos de uma pesquisa feita pela Escola de Direito e pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que lançaram hoje o Índice de Confiança na Justiça (ICJ-Brasil). Para a população brasileira como um todo, o sistema judiciário merece nota 6,5, numa escala de 0 a 10. Mas para as pessoas com renda superior a R$ 5 mil por mês, o índice de confiança cai para 6,2. Os que têm mais confiança na Justiça são aqueles com renda entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, que deram nota 6,7, seguidos pelos que possuem renda inferior a R$ 1 mil, que deram nota de 6,5, a mesma dos que ganham entre R$ 2 mil e R$ 5 mil.

 

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O que mais puxou a avaliação para baixo foi a lentidão da Justiça e os custos do Judiciário. Para 62,8% dos entrevistados que ganham mais de R$ 5 mil por mês, os conflitos no Judiciários são resolvidos muito lentamente e para 75,7% os custos são altos ou muito altos.

 

Os entrevistados com mestrado ou doutorado apresentaram o menor índice de confiança na Justiça - nota 5,6. As pessoas que mais confiam no Judiciário são as com primeiro grau completo ou segundo grau incompleto, que deram 6,6 à Justiça, e os com segundo grau completo ou superior incompleto que deram a mesma nota.

 

Para 75,2% dos entrevistados com mestrado ou doutorado, o acesso ao Judiciário é difícil. Na média do índice, essa parcela é bem menor: 57,3% de todos os entrevistados responderam que o acesso à Justiça é difícil. Para 56,7% dos entrevistados a Justiça não é confiável, imparcial ou honesta. Essa é a impressão de 64,5% das pessoas com mestrado ou doutorado. Para 38,9% deles, a Justiça brasileira piorou nos últimos cinco anos.

 

"Devido à menor confiança, as pessoas com maior renda e escolaridade tendem a procurar menos a Justiça para resolver seus conflitos", disse a coordenadora do ICJ-Brasil, Luciana Gross Cunha. O levantamento ouviu 1.636 pessoas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Brasília e Porto Alegre, e será feito trimestralmente a partir de hoje.

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