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Políticos atuaram em favor do ativista

Francesa diz ter recebido apoio de Dirceu, Suplicy, Gabeira e outros

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Por Andrei Netto
Atualização:

Uma rede de contatos com deputados, senadores e membros do governo, em Brasília, garantiu à historiadora e escritora francesa Fred Vargas, líder de um grupo de apoio ao extremista Cesare Battisti, a aproximação com o Ministério da Justiça. Entre os políticos estavam o senador Eduardo Suplicy (PT), o deputado Fernando Gabeira (PV), o secretário especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. A afirmação foi feita ao Estado ontem, em Paris, pela própria escritora. Desde março de 2007, quando Battisti foi preso no Brasil, Fred Vargas esteve no País seis vezes - em Brasília, São Paulo e no Rio -, sempre fazendo contatos em defesa do extremista. Segundo a escritora, a primeira iniciativa de viajar ao Brasil não contou com o apoio de ninguém. Com o passar do tempo, contudo, uma rede de contatos solidários se estabeleceu. "Aos poucos, pessoas incríveis, deputados, senadores, políticos, nos auxiliaram", afirmou. Entre eles, enumera, estariam Gabeira, Suplicy, Vannuchi e Dirceu. Fred Vargas nega ter recebido auxílio do presidente da França, Nicolas Sarkozy, mas reconhece ter se encontrado com autoridades francesas e brasileiras no intervalo de um mês. "Em novembro, Sarkozy me recebeu e falamos do assunto. Depois disso, em dezembro, fui ao Brasil e fui recebida pelo secretário (Nacional de Justiça) Romeu Tuma Jr. Mas não houve intervenção de nenhum governo." Eric Turcon, advogado de Battisti na França, negou interferência do Palácio do Eliseu contra a extradição do militante. "Jamais disse que o governo francês havia interferido contra a extradição ou em favor de qualquer privilégio para Cesare Battisti." Mas acrescentou: "O presidente solicitou ao governo brasileiro que Fred Vargas fosse recebida por uma autoridade, o que acabou acontecendo". A autoridade deveria ter sido o ministro da Justiça, Tarso Genro, mas um compromisso inesperado o teria feito desistir do encontro. Em seu lugar, quem recebeu a escritora foi Romeu Tuma Jr. "O governo brasileiro não humilhou o italiano, apenas respeitou sua Constituição. Foi corajoso, surpreendente, exemplar", elogiou Fred Vargas. "Tenho a impressão de que o Brasil é o verdadeiro país dos direitos humanos."

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