Política baiana muda com qualquer vencedor

Vitória de Pinheiro consolidaria crescimento do PT e facilitaria reeleição de Wagner; sucesso de João Henrique tornaria Geddel principal líder

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Por Tiago Décimo
Atualização:

Qualquer que seja o resultado da eleição em Salvador, o tabuleiro político na Bahia será alterado. Em especial no caso de reeleição do atual prefeito, João Henrique Carneiro (PMDB). Uma vitória de Walter Pinheiro (PT) consolidaria o crescimento do partido - que nunca conquistou a prefeitura soteropolitana - no Estado e garantiria tanto o poder do governador Jaques Wagner, que teria caminho aberto para a reeleição, quanto um palanque amistoso para o candidato petista à eleição presidencial, em 2010. Além disso, o partido acabaria atraindo de volta o PMDB, aliado do governo estadual, para o qual indicou o vice, mas que anda às turras com o PT por causa da disputa municipal. Indicações nesse sentido já são dadas explicitamente. O líder peemedebista na Assembléia Legislativa, Leur Lomanto Junior, tenta marcar uma audiência com o governador, se possível já na segunda-feira, para que os partidos "voltem à normalidade". "Uma coisa é a disputa eleitoral no município, outra, a parceria do PMDB com o governo do Estado", disse. O eventual triunfo de João Henrique, por outro lado, alçaria o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, ao posto de principal liderança política da Bahia. O ministro já deu mostras de sua força ao eleger 113 prefeitos nos 418 municípios do Estado e agora pode sacramentar sua posição. Com isso, sua pré-candidatura ao governo em 2010 contra o PT esperaria apenas a formalização. Mais do que isso: poderia contar com o apoio até do DEM, apesar de o ministro ser inimigo histórico do senador Antonio Carlos Magalhães, morto ano passado, e de seus afilhados políticos. O próprio deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM), terceiro colocado no primeiro turno, com 26% dos votos, já levantou a possibilidade, ao comentar uma eventual disputa entre seu partido e o PMDB na próxima eleição estadual. "Quem sabe não estaremos juntos?" A aproximação entre PMDB e DEM, derivada da configuração do segundo turno em Salvador, tem sido a principal preocupação entre os petistas. Wagner, por exemplo, já trabalha com a possibilidade de não contar com os aliados. "Não sou bobo, sei que o que se faz agora tem vistas para 2010", afirma. "Se a gente continuar com o PMDB, ótimo, se não, ótimo também." Além disso, as ligações partidárias no Estado, na perspectiva nacional, seriam embaralhadas de vez. O PSDB baiano, por exemplo, é aliado do PT há 18 anos, apesar de os partidos polarizarem a política nacional. O candidato tucano derrotado no primeiro turno, Antônio Imbassahy (que obteve 8% dos votos), por exemplo, agora apóia Pinheiro. Por outro lado, a legenda está em compasso de espera, no aguardo da definição da eleição de hoje, para saber que linha vai seguir.

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