A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira 14 pessoas - entre eles um delegado, três policiais federais, um policial civil, o secretário de Finanças do município metropolitano de Jaboatão dos Guararapes e empresários - acusadas de crime organizado, contrabandos, licitações fraudulentas, evasão de divisas e peculato. A operação foi realizada por 110 homens da Polícia Federal que chegaram na madrugada ao Recife em um avião da Força Aérea Brasileira para cumprir os mandados de prisão preventiva e 24 mandados de busca e apreensão determinados pelo juiz da 4ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco, Antonio Bruno de Azevedo Moreira. O juiz decretou a prisão preventiva de 16 acusados. Além dos 14 presos no Recife e em Jaboatão dos Guararapes, um outro foi preso em São Paulo, o empresário Edrízio Carlos Pereira Filho, e o último, Antonio Virgílio de Barros, dono da AV Construtora, estava sendo perseguido no interior de Pernambuco. Trinta e oito computadores e documentos contábeis foram apreendidos pelos policiais e levados à sede da Polícia Federal, no Recife. As prisões são resultado de dois anos de investigação da Justiça Federal e Ministério Público Federal em um processo que corre sob sigilo. "Há fortes indícios e robustas provas contra os acusados que foram colhidas inclusive através de interceptações telefônicas autorizadas pela justiça", afirmou o chefe da comunicação da Polícia Federal no Distrito Federal, Reinaldo de Almeida, sem acrescentar informações sobre o montante das fraudes e desvios nem que tipo de crime cada um dos suspeitos teria cometido. O silêncio sobre o caso é orientação do juiz federal, para quem a investigação precisa correr em segredo para conseguir se chegar à organização criminosa interestadual. Em Jaboatão dos Guararapes foram presos o secretário Paulo Sérgio Ribeiro Varejão e os ex-presidentes da Empresa Metropolitana de Trânsito e Transporte (EMTT) Armando Feitosa de Lima e Jorge Barreto da Costa Pereira. O prefeito do município, Fernando Rodovalho (PSC), disse ter ficado surpreso com a prisão do secretário e questionou porque a investigação veio à tona 15 dias antes da eleição. Sua mulher Ana Rodovalho (PSC) é candidata a deputada estadual. Reinaldo de Almeida descartou conotação político-eleitoral da operação. Os outros presos são o delegado da PF João Carlos de Albuquerque Valença, os policiais federais Edílson Rosa da Silva, José Otávio Queiroga Vanderley e Rugberto Fernandes da Silva, o policial civil Rildo Nicolau Monteiro Lira, Márcia Vilaça de Lira (mulher do policial civil), o despachante Geraldo Melo Júnior, Alexandre Paulo Martins Pereira, Joaquim Menezes Brasil Neto, Ricardo Jorge Martins Pereira e Wilson de Melo Amorim. Almeida justificou o aparato policial com o tamanho da ação e pelo envolvimento de policiais federais no crime. "Tudo isso foi necessário para que não houvesse vazamento de informação nem constrangimento na prisão de colegas policiais".