Policiais civis são mortos por índios em MS

Três agentes foram atacados quando cortaram caminho por uma aldeia de kaiowás. Um deles conseguiu fugir

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Por Agencia Estado
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Os policiais civis Rodrigo Pereira Lorenzato, 26 anos e Ronilson Guimarães Bartier, 36 anos, foram mortos por índios guarani-kaiowás na localidade de Porto Cambira, em Dourados, região sul do Mato Grosso do Sul, a 220 quilômetros de Campo Grande. A perícia constatou, neste domingo, que os dois foram feridos com pedradas, pauladas, facadas e tiros. Ermerson José Gadani, 33 anos, o terceiro policial vítima do ataque, conseguiu fugir e está internado no Hospital Evangélico da cidade. Ele levou facadas na perna direita e na cabeça. Foi salvo por um dos caminhoneiros que trafegavam pela MS-156 no momento em que dezenas de indígenas estavam perseguindo Gadani, enfurecidos e gritando palavras no dialeto kaiowás. Assassinato Segundo informações colhidas na Delegacia Central de Polícia Civil em Dourados, os policiais foram pegos quando trabalhavam no caso do assassinato do pastor da Igreja Pentecostal Jesus da Ressurreição, Sinforiano Ramires, 42 anos, ocorrido por volta de 20 horas da última sexta-feira. Ramires tentou socorrer a filha que estava sendo espancada pelo genro, Wilson Rodrigues da Silva, 26 anos, e acabou sendo morto pelo agressor da mulher. No final da tarde de sábado, os três policiais foram conferir denúncia de que Wilson estava escondido em uma fazenda situada próxima ao local onde os índios montam acampamento há três anos. Conforme explicações do titular da delegacia, Oduvaldo de Oliveira Pompeo, o trio de agentes resolveu cortar caminho, passando pelo acampamento, quando foram surpreendidos pelos kaiowás que estavam de tocaia no mato. Não houve tempo para qualquer reação dos policiais. Pedras voavam do meio do mato em direção às vítimas, enquanto "muitos índios" partiram para cima deles com cacetes, pedras e até ferramentas agrícolas. As armas dos policiais foram tomadas pelos índios, ainda conforme o delegado, e utilizadas por eles no massacre. As algemas, dois revólveres e uma espingarda calibre 28, dos policiais foram encontradas a 60 metros dos corpos das vítimas. Grupo expulso Investigações policiais dão conta de que o maior suspeito é o cacique Carlito Machado. Ele coordena o grupo que foi expulso da Reserva Indígena de Dourados há três anos, e está acampado em Porto Cambira. Conforme disseram os índios do local, a guarnição policial foi confundida com carro de jagunços das fazendas vizinhas ao acampamento. "Eles sempre apareceram ameaçando os índios", disse um dos kaiowás. O Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a Diretoria Geral de Polícia Civil acompanham as investigações. Treze índios suspeitos estão presos na Delegacia Central de Polícia Civil de Dourados, fato que aumenta a tensão entre os índios acampados, que somam cerca de 350 pessoas.

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