Polícia prende suspeitos de ataque contra índios em MS

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Por JOÃO NAVES DE OLIVEIRA
Atualização:

Testemunhos e informações contraditórias, além da falta de provas materiais, estão dificultando o esclarecimento do ataque aos índios acampados em uma fazenda há quase dois meses entre Amambaí e Ponta Porá, em Mato Grosso do Sul, segundo informações da Polícia Federal (PF). O único avanço na elucidação do caso pode ser a prisão do mandante do crime, possibilidade levantada depois da prisão de três suspeitos ocorrida na segunda-feira desta semana.Quanto a localização do líder do grupo de acampados, Nísio Gomes, 59 anos, um dos delegados da PF afirmou que "será muito mais provável a prisão do mandante do que descobrir onde está o Nísio. Para nós, até agora, ele está vivo. Não existe nenhuma prova material que comprove essa suspeita levantada pelos índios. Aliás, os índios que testemunharam o ataque mudam os depoimentos de um dia para o outro".Outra versão não confirmada pela PF é a de que 40 homens armados invadiram o local no último dia 18 e dispararam vários tiros. "Não há vestígios para movimentação desse contingente, tampouco o número de caminhonetes ocupadas pelos agressores. Podem ser no máximo três veículos desse modelo e provavelmente entre oito a 12 atirados. Também não foram encontradas cápsulas de balas letais, apenas de projéteis de borracha".Para o delegado, existem várias pistas sendo investigadas, inclusive algumas já confirmadas como falsas, indicando a presença de cadáver boiando nos rios da região. A PF não arrisca afirmar a participação de empregados de fazendeiros no atentado, mas também não despreza investigação nesse sentido. Outro ponto que está sendo analisado é a ação de quadrilha paraguaia de narcotraficantes, que estão procurando US$ 1,8 milhão desaparecido no início do mês passado de uma aeronave acidentada na cidade paraguaia de Bela Vista.Ainda sobre o envolvimento de fazendeiros na questão, o assessor jurídico da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul, Carlo Daniel Francisco, disse que a entidade não pode ter a segurança da participação de produtores rurais. "Nossa entidade orienta muito bem os associados sobre como proceder em casos de invasões de suas fazendas. Considerando os antecedentes sobre conflitos índios versus fazendeiros no Estado, não podemos defender ou acusar sem provas concludentes e uma decisão judicial".

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