A Polícia Civil de São Paulo prendeu nesta quinta-feira um menor de 17 anos que participou do seqüestro e assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, no Grande ABC. O menor de 17 anos apontou a identidade dos demais seqüestradores de Daniel. O líder do bando é Itamar Messias dos Santos, de 21 anos, com passagens na polícia por furto e porte de drogas. Até o início da noite desta quinta-feira, homens do Departamento de Investigação do Crime Organizado (Deic) estavam em busca dos demais bandidos, acompanhados do menor. A polícia sabe que o rapaz dirigiu a Blazer verde usada no seqüestro. O carro usado no crime é o segundo modelo apreendido pela polícia nas investigações. A Blazer estava queimada num lixão da zona sul de São Paulo. Os delegados e investigadores que participam da apuração consideram o caso 99% solucionado. O ex-prefeito de Santo André ficou num bar abandonado na Favela Pantanal, na zona sul, sob a guarda de dois criminosos armados com carabinas de calibre 12. A polícia procura, além dos bandidos, a pistola usada para matar Daniel. Na tarde desta quinta-feira, houve uma reunião entre os diretores do Deic e do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Godofredo Bittencourt e Domingos Paulo Neto, respectivamente. Estava prevista para esta sexta-feira a divulgação de uma foto de Itamar. Com a prisão do menor, a polícia recuou e optou por não divulgar o retrato. O jornalista Carlos Gatti, assessor de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP), marcou um horário para a divulgação da foto. Depois, disse que isso não mais ocorreria. Mais tarde, afirmou que a fotografia não existia. As primeiras pistas sobre a quadrilha que seqüestrou e matou Daniel vieram com a prisão, pelo Deic, de Manoel Dantas de Santana Filho, mais conhecido como "Cabeção". O outro automóvel usado no crime, um Santana azul, foi guardado numa casa na Favela Pantanal que é de propriedade dele. Ele disse ainda que o bando liderado por Itamar é integrado pelos criminosos conhecidos como "André Cara Seca", "Bozinho", "Cara de Gato", "Serginho" e "Kiti". "Cabeção" viu o grupo sair com os dois carros na noite do dia 18, quando o prefeito foi seqüestrado. Dias depois, disse que ouviu os "conhecidos" dizerem que "a ´fita´ tinha dado errado". Ainda nesta quinta, na sede do DHPP, foram ouvidas outras testemunhas do caso, entre elas, o irmão de Celso Daniel, João Francisco Daniel. Ele afirmou ter sido indagado sobre a relação com o irmão, que definiu como "fraternal". "A família espera que o caso seja esclarecido, os culpados presos e punidos. E que o Celso Daniel, honesto, digno e competente, possa descansar em paz", disse, à saída do depoimento. A identidade das outras testemunhas ouvidas não foi divulgada pela SSP. O deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), indicado pelo PT para acompanhar a apuração, disse que achava que o retrato do suspeito deveria ser divulgado. "Mas não vou fazer juízo de valor sobre a investigação da polícia." Ele tem evitado dar declarações por se sentir ofendido com acusações de que estaria buscando promoção na mídia com base no caso do prefeito.