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Polícia prende cinco suspeitos de matar sem-terra

Por Evandro Fadel
Atualização:

Um dos líderes do Movimento dos Sem-Terra (MST) no Paraná, Eli Dallemole, de 42 anos, foi morto a tiros na noite de domingo, dentro de sua casa no Assentamento Libertação Camponesa, em Ortigueira, a 250 quilômetros de Curitiba, onde vivia com a mulher e três filhos. A polícia prendeu, ontem de manhã, cinco pessoas suspeitas de participação no crime. Em nota, o MST cobrou da Justiça "a punição dos responsáveis por mais um assassinato de trabalhador sem-terra no Estado e a extinção imediata dessas milícias armadas, que já estão se tornando corriqueiras no Paraná". Segundo o MST, Dallemole estava em casa, por volta das 19h30, quando dois homens encapuzados invadiram a residência e o executaram. O movimento informou que o líder dos sem-terra recebia ameaças havia mais de dois anos e que as denúncias já tinham sido feitas às autoridades. As ameaças teriam aumentado desde 8 de março, depois que o acampamento Terra Livre, formado por sem-terra que invadiram a Fazenda Copramil, sofreu um ataque, com queima dos barracos. A polícia deteve sete pessoas, que continuam presas, e apreendeu cinco armas e 90 cartuchos, 48 deflagrados. Retaliação por causa da invasão da Copramil é a principal hipótese sobre a motivação do crime, mas a polícia não descarta que a morte possa ter sido motivada por uma briga, já que um dos suspeitos, Odenir Souza Matos, de 34 anos, é ex-sem-terra e teria sido expulso do acampamento por Dallemole. A polícia informou que entre os presos está o presidente do Sindicato dos Comerciários de Cornélio Procópio, Adilson Honório de Carvalho, de 35 anos, que seria proprietário da Fazenda Copramil. Segundo funcionários do sindicato, o advogado de Carvalho também não estava no local. O sindicalista é apontado pela polícia como possível mandante do crime e estaria envolvido também com a violência do dia 8 de março. Luiz Fernando Delazari, secretário de Estado da Segurança Pública, disse, por meio da assessoria de imprensa, que designou equipe do Centro de Operações Policiais Especiais para investigar. Também foram presos Genivaldo Carlos de Freitas, de 32 anos, José Moacir Cordeiro, de 35, e Valderi Aparecido Ortiz, de 27. A polícia não informou se eles, além de Matos, têm advogado e por isso o Estado não obteve a versão dos suspeitos. "Todos os detidos já tinham prisão preventiva decretada pela Justiça por estarem envolvidos na tentativa de retomada da Fazenda Copramil", disse o delegado-chefe da Divisão Policial do Interior, Luiz Alberto Cartaxo. Com os presos foram encontradas três armas. A polícia suspeita que Matos e Ortiz possam ser os autores dos tiros . Eles estavam encapuzados, mas suas vozes foram reconhecidas pela viúva. Algumas características físicas também coincidem com a descrição feita por testemunhas.

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