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Polícia nacional depende do sucesso de força-tarefa no Rio

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Por Agencia Estado
Atualização:

A força especial que o Ministério da Justiça está organizando, e que reunirá policiais civis, militares e federais de todo o País, poderá receber, já nos próximos 15 dias, o primeiro aporte de recursos. O governo está estudando uma fonte para liberar R$ 12 milhões para a compra de equipamentos de telecomunicação, incluindo rastreadores de satélite, que inicialmente serão usados no Rio pela força-tarefa que está atuando no Estado. O ministro da Justiça disse nesta quarta-feira que a criação da Força Nacional, que ele considera uma espécie de FBI brasileiro, depende do sucesso do trabalho da unidade de elite da Polícia Federal instalada no Rio. ?O grupo é uma experiência piloto e, se der certo, e nós temos certeza que vai dar, vamos usá-la em outros Estados e ampliá-la para uma Força Nacional?. O grupo do Rio será avaliado em agosto, segundo Thomaz Bastos, que nesta quinta participou do 15º Fórum Nacional, na sede Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio. A idéia do governo é formar um grupo com os 600 melhores policiais do País, mas a atuação será basicamente na área de inteligência e apoio tático. ?A força só subirá em morros, por exemplo, em casos de extrema necessidade?, afirma uma fonte do governo, garantindo, no entanto, que os policiais especializados darão a cobertura necessária para o trabalho dos colegas nos Estados. Apesar de a força especial do governo estar ainda em fase embrionária, conforme admite o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a procura por uma das 600 vagas começou. Nesta quinta, o ministério de Thomaz Bastos recebeu dezenas de telefonemas de policiais interessados em fazer parte do grupo, cujo salário será de R$ 5.000, além de uma ajuda de custo mensal para as famílias, já que os integrantes da força deverão ficar três anos à disposição da União. No Rio, o ministro disse que não existem, no Brasil, instrumentos eficientes de combate à lavagem de dinheiro. Ele declarou que o trabalho desenvolvido no Conselho de Fiscalização de Operações Financeiras (Coaf), órgão que investiga crimes desta natureza, é absolutamente ?irrelevante?. ?A lavagem de dinheiro é a causa final do crime organizado. Ninguém se organiza em quadrilhas com as grandes somas para guardar o dinheiro embaixo do colchão. E nós não temos, apesar dos esforços, instrumentos para combater, eficientemente, esse tipo de crime. Hoje, não se recupera dinheiro de origem ilícita no Brasil?, observou. Desde que foi criado, em 1998, o Coaf fez cerca de 600 notificações de suspeitas de lavagem de dinheiro, disse o ministro, classificando o número como ?irrisório?. ?Em qualquer país civilizado, um banco faz mais do que isso em duas horas de trabalho?, afirmou, anunciando que o governo já iniciou uma reestruturação no órgão. Vinculado ao Ministério da Fazenda, o Coaf vai trabalhar em cooperação com a Receita Federal, o Banco Central e a Bolsa da Valores Imobiliários. ?Além disso, criamos no Ministério da Justiça um departamento que funciona como braço executivo do Coaf?, disse o ministro. Bastos ressaltou ainda a necessidade de abertura de varas específicas para julgar crimes de lavagem de dinheiro. Embora seja um crime de competência federal, Bastos destacou que há um ?antecedente? nos Estados e falta integração entre as duas esferas de poder para relacionar as contas suspeitas. Para resolver esse problema, o governo vai elaborar um software e um Cadastro Único de Correntistas. O ministro afirmou ainda que o sistema penitenciário do Brasil é ?trágico?, mas que o governo já está trabalhando contra isso com a criação de cinco penitenciárias federais. Ele defendeu a adoção de penas alternativas. Bastos destacou que, no Brasil, menos de 10% dos processos criminais se resolvem com esse sistema, enquanto em países como a Inglaterra o índice chega a 80%. ?Há um consenso de que hoje só deve ir para cadeia quem faz parte das quadrilhas do crime organizado ou aquele que é fisicamente perigoso?, argumentou.

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