Polícia Federal suspende operação-padrão nos aeroportos

Paralisação de 24 horas atinge 24 Estados e Distrito Federal; policiais reivindicam aumento salarial de 30%, acordado em 2006, e implantação da Lei Orgânica

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Federal, que está em paralisação de 24 horas, nesta quarta-feira, suspendeu a operação-padrão nos aeroportos do País. No Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, não foram registradas filas nos embarques e desembarques pela manhã, mas a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) já avisou que pretende realizar um protesto às 14 horas no aeroporto. No Aeroporto Internacional do Rio, a situação foi de aparente normalidade durante a manhã, mas os agentes não descartam a hipótese de lentidão no embarque de passageiros para o exterior no final da tarde, período do dia que concentra os vôos para fora do País. Em Belo Horizonte, a paralisação também não alterou a rotina no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins. No aeroporto de Salvador, segundo a Infraero, também não foram registrados incidentes ou atrasos relacionados com a greve. Em Pernambuco, a greve não causou, até o momento, nenhum transtorno à população. Nesta quarta o Aeroporto dos Guararapes recebe apenas um único vôo internacional, da TAP, que chega às 18h45. O presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Estado, Marcelo Pires, afirmou que a orientação é de operação padrão no aeroporto, mas sem prejudicar nenhuma conexão. A chamada operação-padrão consiste no aumento da fiscalização, assim como no número de entrevistas com visitantes estrangeiros, o que causaria longas filas e dificultaria a vida dos passageiros. Os federais voltaram atrás na operação tartaruga devido a um apelo do ministro da Justiça, Tarso Genro. "Não queremos causar transtornos à sociedade, nem passar para o governo a leitura de provocação", disse Marcos Vinício Wink, presidente da Fenapef. Passaportes A Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, na Lapa, realiza durante todo o dia somente serviços de emergência, como retirada de passaportes para viagens urgentes e prisões em flagrante. Segundo Franciso Sabino, presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Federal no Estado de São Paulo, 90% dos 1.800 policiais, entre delegados, agentes, escrivães e administrativos, pararam nesta quarta. No Rio, a Superintendência da PF na Praça Mauá, na zona portuária, também está funcionando somente os serviços essenciais e urgentes. "Eles informam apenas que o expediente voltará ao normal amanhã", declarou a aposentada Ângela Machado, de 54 anos, que tentava renovar o passaporte. Em Salvador, 200 dos 280 policiais federais estão parados. Pela manhã, cerca de 100 trabalhadores estiveram na frente da sede da órgão, no bairro de Água de Meninos. Alguns deles vestiam seus uniformes pelo avesso, como protesto. A procura por serviços paralisados, como emissão de passaportes, foi pequena, e não houve confusão. Na sede da PF em Recife, os grevistas estão reunidos jogando dominó e xadrez, com carro de som ligado. Às 18 horas, final do expediente, eles irá deixar o local. Greve A data da greve coincide com o aniversário da Polícia Federal, que completará 64 anos de criação. O órgão reivindica aumento salarial de 30%, devido ao acordo assinado em 2006 e também pela implantação da Lei Orgânica da categoria, com a qual espera reduzir a diferença de remuneração com os servidores dos outros órgãos do sistema criminal da União. Atualmente, os salários de um delegado variam de R$ 9 mil (inicial) a R$ 16 mil, em fim de carreira. Eles reclamam que procuradores e juízes, com os quais já foram equiparados, começam com R$ 14 mil e podem chegar a R$ 22 mil. A paralisação ocorre em 24 Estados do País e Distrito Federal. Os policiais federais de Alagoas, segundo o presidente do Sindicato dos Policias Federais de Alagoas (Sinpofal), Jorge Venerando, decidiram ficar de fora da greve em protesto contra a demissão do escrivão Francisco Eriberto Pinheiro, que trabalha na Superintendência da PF em Maceió. Já em Santa Catarina, apenas os delegados da Polícia Federal aderiram à greve de 24 horas. Os outros funcionários trabalham normalmente. Apesar da greve parcial, a emissão de passaportes continua prejudicada por falta de cadernetas. Os policiais federais que aderiram à paralisação no Maranhão estão distribuindo alimentos não perecíveis a uma comunidade que fica próxima à sede da Superintendência da Polícia Federal em São Luís. A PF também trabalha normalmente na Ponte da Amizade, fronteira com o Paraguai, na Ponte Tancredo Neves, fronteira com a Argentina, e no aeroporto de Foz de Iguaçu, no Paraná. Greve no Banco Central Pelo menos metade dos funcionários do Banco Central estão parados nesta quarta-feira, segundo estimativas do presidente local do Sindicato Nacional dos Funcionários do BC, Paulo Tarso Calovi. Eles reivindicam a equiparação dos salários de nível superior, hoje na média de R$ 7 mil, com os ganhos dos auditores da Receita Federal, em torno de R$ 10 mil. Este texto foi atualizado às 14h51. (Com Angela Lacerda, Eduardo Kattah, Pedro Dantas, Solange Spigliatti, Tiago Décimo e Vannildo Mendes)

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