
08 de julho de 2015 | 22h22
Brasília - A Polícia Federal confirmou ao Supremo Tribunal Federal a obtenção de oito comprovantes de depósito em nome do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) no âmbito das investigações da Operação Lava Jato. O senador e ex-presidente da República é alvo de um inquérito que tramita no STF para apurar suposto envolvimento do parlamentar no esquema que desviou recursos da Petrobrás.
Investigadores haviam solicitado esses comprovantes para comprovar a fala do doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da Lava Jato, com o objetivo de reforçar os indícios de participação do ex-presidente no esquema. Em depoimentos prestados em acordo de delação premiada, o doleiro disse ter feito "vários depósitos" ao senador. Collor é acusado de ter recebido no total R$ 50 mil de Youssef por meio de depósitos em espécie.
Os comprovantes foram apreendidos com o doleiro no ano passado, quando ele foi preso na Operação Lava Jato. O documento será adicionado a outros indícios da suposta participação de Collor no esquema que desviou recursos da Petrobrás. Em maio, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, autorizou quebra de sigilo bancário e fiscal do senador.
Youssef disse ainda que, além dos depósitos, autorizou entregas de dinheiro em espécie para o parlamentar. O doleiro relatou também que em uma das operações, a entrega foi feita por seu funcionário, Rafael Angulo, que levou o dinheiro até Alagoas. Tido como "mensageiro" de Youssef, Angulo realizou delação premiada que foi homologada recentemente pelo ministro Teori Zavascki. A delação pode reforçar a investigação de políticos no STF.
A PF conseguiu ainda confirmar a ida de Pedro Paulo Leoni, ex-ministro de Collor, aos escritórios de Alberto Youssef. Para conclusão das investigações, os policiais aguardam ainda algumas oitivas, entre elas a do próprio senador, que deverá ser o último a prestar os depoimentos e do ex-diretor da BR Distribuidora, José Zonis, e de João Mauro Boschier, sócio da empresa GPI Participações e Investimentos. Investigadores suspeitam que Collor tenha se valido de sua influência nas indicações da BR Distribuidora para obter vantagens indevidas.
Ainda deverá ser ouvido o empresário Carlos Alberto de Oliveira Santiago, da rede de postos Aster. Embora a oitiva já tivesse sido marcada, o empresário apresentou documentos dizendo impossibilitado de comparecer à PF por problemas de saúde. "No entanto, sua oitiva se mostra fundamental à elucidação dos fatos sob apuração, restando meramente sobrestada enquanto não houver evolução de seu quadro", disseram os investigadores.
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