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Polícia encerra inquérito do caso Pedrinho, mas a polêmica continua

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Por Agencia Estado
Atualização:

A prescrição do crime do caso Pedrinho está dividindo a polícia e o Ministério Público. A Polícia Civil do Distrito Federal encerrou hoje o caso com a certeza de que a mãe de criação, Vilma Martins Costa, carregou o recém-nascido da maternidade Santa Lúcia, há mais de 16 anos, em Brasília. Mesmo assim, o delegado Hertz Andrade, que preside o inquérito, não pedirá o indiciamento de Vilma porque o crime de ?subtração de incapaz? já prescreveu. Mas a promotora da 8ª Vara Criminal do Ministério Público Ana Claudia Magalhães Melo entende que o crime ainda poderá ser julgado. Neste caso, a mãe de criação deverá ser denunciada à Justiça por seqüestro. Na noite de terça-feira, em novo depoimento, Sinfrônio Martins Costa, irmão da acusada, revelou ter levado Vilma e o bebê ? cuja origem ele desconhecia ? de Brasília para Goiânia. No primeiro depoimento, Sinfrônio disse apenas que, na época, tinha deixado a irmã em um ponto da capital e retornado sozinho a Goiânia. Na noite de terça-feira, contou que esperou, durante longo tempo em um estacionamento por Vilma e que já tinha ?esquentado a coluna?, quando ela reapareceu ?trazendo algo nos braços?. Brava O vigilante disse ao delegado que somente ?se deu conta de que Vilma trazia consigo uma criança recém-nascida?, quando ela sentou no carro. Sinfrônio indagou a origem da criança. A irmã não teria respondido, mas determinou que ele a levasse imediatamente para casa. Por várias vezes, durante a viagem, Sinfrônio pediu explicações a irmã que começou a ficar ?brava? e insistir que ele ?tocasse o carro de volta para Goiânia?. Na entrada desta cidade, o clima entre os dois já era ?quase de agressão?, conforme informou Sinfrônio, que ameaçou parar de dirigir e então Vilma desceu do carro com o bebê que ela registrou como Osvaldo Borges Júnior, um filho legítimo. Durante quatro anos, Sinfrônio ficou sem falar com Vilma. Sem explicação Mesmo depois, voltando a ter contato com a irmã, nunca recebeu explicação. Quando a história já era pública, Sinfrônio ainda pediu para Vilma dizer a ele o que estava acontecendo. ?Ela apenas chorou muito.? No novo depoimento ? assistido pela representante do Ministério Público de Goiás Marta Maia de Menezes ? Sinfrônio também contou que Oswaldo Júnior já foi preso por fazer cavalo de pau na rua. Ele dirigia sem carteira de motorista. Decisão na próxima semana A promotora está estudando o caso e promete tomar a decisão até a próxima semana. Se optar pelo arquivamento do caso, Ana Claudia remeterá o inquérito para Goiânia, onde Vilma poderá ser acionada pelo registro civil falso de Pedrinho. Segundo a promotora, o crime de seqüestro prevê prisão de 2 a 6 anos a pessoa que ?privar alguém de sua liberdade?. Pedrinho não teve escolha e foi impedido por Vilma de permanecer com a família biológica. ?Se eu denunciar a mãe de criação, vou dizer que há conexão entre o crime daqui e o falso registro em Goiás?, disse a promotora. Cadeia difícil Ana Claudia, porém, admite que Vilma poderá ficar livre da prisão. ?É muito difícil ela ir para a cadeia?, disse, observando que a mulher é ré primária e prevendo que o caso se arrastará por muitos anos na Justiça, podendo chegar até no Supremo Tribunal Federal. O delegado de homicídios da Polícia Civil do Distrito Federal, Luiz Julião, ressaltou hoje a importância da denúncia anônima de uma informante para a elucidação do caso Pedrinho, que já se arrastava por quase 17 anos. ?O caso só foi desvendado graças à participação da sociedade?, disse.

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