Brasília - A Polícia Civil do Distrito federal trabalha com a hipótese de o arrombamento relatado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter sido um crime comum, sem relação com as atividades exercidas por ele por causa do cargo que ocupa.
O Estado apurou que a Polícia Civil esteve na casa do procurador e colheu impressões digitais da palma da mão de uma pessoa que pode ser o autor do crime reportado pelo procurador. Como só existem bancos de dados de impressões das pontas dos dedos, os policiais não conseguem encontrar o nome do suspeito em seus arquivos.
Fontes da corporação ouvidas pela reportagem afirmam que, a princípio, o crime tem características da atuação de ladrões comuns.
Janot mora em uma área nobre de Brasília, o Lago Sul. Sua casa fica dentro de um condomínio de casas que é protegido por seguranças. Além do muro e grandes que cercam o condomínio, as casas também possuem proteção própria.
A reportagem apurou que Janot dispensou o trabalho da Polícia Federal para investigar o que diz ter acontecido em sua residência. O crime teria acontecido há cerca de 30 dias, quando o procurador-geral apresentou seu relato à Polícia Civil do Distrito Federal. Ele só tornou a história pública, no entanto, nesta sexta-feira, após polêmicas sobre reunião entre ele e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Prestes a apresentar uma lista com nomes de políticos com indícios de participação no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, Janot teve encontro com Cardozo. Eles justificaram a reunião dizendo que o ministro estava dizendo ao procurador para reforçar sua segurança, que estaria em risco.
O ministro da Justiça afirmou que setores da inteligência afirmam haver ameaça à segurança de Janot. A reportagem apurou, no entanto, que a inteligência da Polícia Federal, único órgão policial vinculado ao Ministério da Justiça, não incluiu em nenhum de seus relatórios informações sobre ameaças ao procurador-geral.