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Polêmica cerca vice de Roseana Sarney

Ex-senador ficou conhecido por dizer que fez governo 90% honesto

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Por Clarissa Oliveira
Atualização:

Quase 20 anos depois de ter governado o Maranhão, o ex-senador João Alberto de Souza (PMDB-MA) voltou esta semana à cena política do Estado, com a notícia de que poderá retornar ao comando da administração estadual. Vice da senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), ele deve assumir o governo num primeiro momento, se confirmada a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassar o mandato do governador Jackson Lago (PDT). Com cirurgia agendada para a segunda quinzena deste mês, Roseana só poderá ocupar o posto após liberação médica. João Alberto assumiu o governo maranhense em 1990, com a renúncia do hoje senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), de quem era vice. Ficou no posto até 1991, quando ajudou a eleger o atual ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB). Apesar de curto, seu governo acabou em polêmica após a publicação de uma entrevista que concedeu a um jornal local, dizendo que seu governo foi "90% honesto". Hoje, o vice de Roseana tenta corrigir a declaração: "Eu disse que tinha combatido 90% da corrupção no meu governo. Aí, vieram com essa história de que meu governo era só 90% honesto, ou seja, era 10% desonesto", afirma João Alberto. "Por onde passei na minha vida, acho que me saí bem. E onde errei, foi tentando acertar." Desde 2007, quando se encerrou seu mandato de senador, João Alberto passou a comandar a diretoria de Gestão de Recursos do Banco da Amazônia em Belém (PA). No Senado, ocupou posições como a de presidente da Comissão de Ética e relator da CPI dos Bancos. Antes disso, foi deputado federal por três mandatos, deputado estadual e prefeito de Bacabal (MA), sua cidade natal. A frase sobre a honestidade serve de munição a adversários. "Quando disputei a prefeitura de São Luís em 2002, estava em tudo quanto é outdoor que quem era 90% honesto era 100% desonesto", lembra. PATRIMÔNIO Quando concorreu na eleição de 2006, como vice na chapa de Roseana, João Alberto apresentou à Justiça Eleitoral uma declaração de bens no valor total de R$ 809,6 mil. "Meu principal bem é a casa onde moro", diz ele, em referência ao imóvel descrito com valor de R$ 600 mil na Praia do Calhau, em São Luís. A lista contém outros três imóveis - são casas na Rua das Garças e na Rua da Cotovia, também na capital, declarados respectivamente por R$ 30 mil e R$ 20 mil, além de um terreno na Ponta do Farol, ao qual é atribuído um valor de R$ 30 mil. Mas o ex-senador admite possuir bens que não constam da declaração. Diz ter adquirido ao longo dos anos "10 ou 15 lotes" de terra. Segundo ele, as terras foram invadidas e, por isso, ele deixou reconhecê-las como suas. "Eu sempre gostei mesmo de comprar alguns lotes, mas eles acabaram sendo invadidos. Nem os considero mais meus. E que eu nunca mandei ninguém sair de lá." Por enquanto, João Alberto diz que prefere não falar sobre os planos para o governo de Roseana, que só sairá do papel após se esgotarem os recurso de Lago na Justiça. Ainda assim, ele prossegue: "Acho que a Roseana está preparada para fazer um grande governo". Sem poupar de críticas a administração de Lago, ele diz que a gestão do pedetista foi "construída com base na corrupção e no abuso de poder". "Nos tomaram uma eleição que estava ganha." ACUSAÇÃO Lago também não faz questão de aliviar as acusações lançadas sobre seu possível sucessor no Palácio dos Leões. Ele acusa o vice de Roseana de ser o mandante de assassinatos cometidos no início dos anos 90, na ação de extermínio que ficou conhecida como Operação Tigre. "Na Operação Tigre e essas coisas todas ele mandou matar muita gente. Na região Tocantina mandou matar gente, matou muita gente em Macabal", afirma o governador. "É um sujeito de alta periculosidade. De altíssima periculosidade." Ao comentar a proximidade de João Alberto com a família do presidente do Senado, José Sarney, pai de Roseana, Lago descreve o ex-senador como "um servil dos Sarney de vida inteira". Disse conhecer o peemedebista desde os tempos de juventude, quando era estudante no Rio de Janeiro. "Nós nos encontrávamos com muita frequência. Aí veio o golpe de 64, ele veio para cá, enturmou com o pessoal do Sarney. " Procurado novamente para rebater a acusação, João Alberto não retornou pedidos da reportagem.

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