PMDB lidera dispersão da base aliada

Desde o início do ano, desabou o número de integrantes do grupo mais fiel ao governo

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Por Redação
Atualização:

O Basômetro mostra que o PMDB foi o principal responsável pelo encolhimento do "núcleo duro" da base do governo na Câmara dos Deputados desde o início de 2012.

 

Até o final do ano passado, havia 67 parlamentares do partido no grupo mais governista, aquele que vota segundo a orientação do Palácio do Planalto em 90% das vezes ou mais.

 

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Levando-se em conta apenas as votações deste ano, o número de peemedebistas no núcleo duro diminuiu para apenas quatro.

 

Pesa muito neste resultado o comportamento do PMDB na discussão do Código Florestal. Nas duas votações sobre o assunto realizadas no mês passado, até parte da bancada do PSDB se alinhou aos governistas. Já o PMDB votou em bloco contra a orientação do Planalto e alinhado à bancada ruralista.

 

O fenômeno da dispersão da base de apoio também afetou legendas como o PP, o PR e o PDT. Já o PT, partido da presidente Dilma Rousseff, permaneceu coeso e fiel aos interesses do Palácio do Planalto.

Os petistas no núcleo duro, que eram 82 em 2011, viraram 81 nas 17 votações nominais ocorridas neste ano - uma variação insignificante.

 

Estratégias. O quadro ao lado mostra o ranking dos partidos conforme a média da taxa de governismo de seus deputados, consideradas todas as votações ocorridas desde o início da atual legislatura.

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Nos dois extremos aparecem o PT, com 97% de governismo, e o PSDB, com apenas 22%.

Chama a atenção a presença de quatro partidos "nanicos" (PTC, PRTB, PSL e PRB) entre os dez com maior taxa de apoio ao governo.

 

Somadas, essas quatro pequenas legendas têm apenas 13 deputados. Com baixo poder de barganha nas votações, elas não costumam usar a estratégia das "rebeliões" para obter benefícios do governo - pelo contrário, seu trunfo é o alto grau de fidelidade. Legendas maiores, quando não têm seus pleitos atendidos, costumam mandar "recados" ao governo ao votar contra a orientação do Planalto. As demonstrações de insatisfação são seguidas, por vezes, pela liberação de recursos para emendas de parlamentares.

 

  

Votações nominais representam só 15% do total

 

Os votos individuais dos deputados só são registrados pela Câmara em votações nominais, nas quais o painel eletrônico exibe os resultados. Desde o início de 2011, ocorreram 115 votações nominais, o que representa menos de 15% do total de votações realizadas no período.

 

Em todas as demais, chamadas de simbólicas, não é possível saber como os deputados votaram - mas a lógica indica que os interesses do governo prevaleçam.

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Na votação simbólica, o presidente da sessão anuncia o projeto em debate e pede que os parlamentares favoráveis à proposta permaneçam como estão. Em seguida, declara o resultado. Caso discordem da interpretação do presidente, líderes partidários podem solicitar a realização de votações nominais.

 

A oposição, que é minoritária, se vale das votações nominais como ferramenta para intervir na pauta.

Das 98 votações nominais mostradas no Basômetro - que só inclui aquelas nas quais o governo orientou sua base -, 58% foram pedidas por PSDB, DEM, PV e PPS.

 

A estratégia é fazer pedidos de destaque, para votar pontos específicos em separado, ou tentar bloquear a pauta de votações com solicitações de adiamento ou de retirada. No total, a oposição pediu 36 destaques e tentou travar a pauta 21 vezes.

 

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