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PMDB e PSDB derrotados. Processo de cassação está próximo.

Mas aliados de Jader ainda tentam publicamente adotar providências que poderiam favorecer o senador

Por Agencia Estado
Atualização:

O PMDB e o PSDB tentaram ontem, sem sucesso, convencer a oposição a deixar que as investigações contra o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) ficassem restritas ao Ministério Público, sem envolver o Senado. Apesar das últimas investidas dos aliados de Jader, os partidos de oposição se reuniram hoje pela manhã e decidiram não abrir mão das investigações e ainda indicaram o senador Jefferson Peres (PDT-AM) para integrar a comissão de três senadores que se encarregará das apurações das denúncias contra o presidente do Senado licenciado. Inicialmente, os partidos de oposição queriam contestar a criação da comissão e optar pela escolha de um relator, a exemplo do que ocorreu nas investigações contra os ex-senadores Luís Estevão, Antonio Carlos Magalhães e José Roberto Arruda. No entanto, Peres insistiu que a comissão seria a única forma de a oposição participar das investigações e que ele se candidataria à função. Partidários do PMDB e do PSDB já admitem, reservadamente, que dificilmente o presidente licenciado do Senado escapará de um processo de cassação do mandato. Para eles, a questão passa a ser basicamente política, apesar das providências técnicas no âmbito do Conselho de Ética. Mesmo assim, os aliados de Jader ainda tentam publicamente adotar providências que poderiam favorecer o senador. Uma delas foi tomada hoje na reunião do Conselho de Ética, com a decisão do senador Gilberto Mestrinho (PFL-SP), de nomear o senador Romeu Tuma (PFL-SP) para a vaga do PFL na comissão de três senadores que se encarregará das investigações das denúncias contra Jader nos próximos 30 dias. Apesar de ser do PFL, Tuma integra o Conselho na condição de Corregedor-Geral e não como integrante da bancada pefelista. Apesar da rebelião dos membros do PFL no Conselho de Ética, que inclusive indicaram o senador Geraldo Althoff (PFL-SC), para compor a comissão em nome do PFL, Mestrinho manteve-se irredutível, recebendo o apoio declarado do líder do PMDB, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Tuma, por sua vez, ficou calado, apesar dos protestos de seus colegas do PFL. Além de Tuma, a comissão será integrada pelo senador Jefferson Peres, como representante do bloco de oposição, e pelo senador João Alberto (PMDB-MA), que é ligado a Jader Barbalho e foi um dos autores da moção de apoio que a bancada do PMDB fez ao presidente licenciado do Senado antes do recesso parlamentar. Manobras O vice-presidente do Conselho de Ética, senador Geraldo Althoff (PFL-SC) disse que causou "estranheza" a indicação do senador Romeu Tuma para a comissão de três senadores que vai investigar as denúncias contra o presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho. Althoff admitiu que poderia ter havido uma manobra nessa indicação como parte de uma negociação que resultou na retirada da denúncia que pedia a investigação do possível envolvimento do senador José Eduardo Dutra (PT-SE) na fraude do painel eletrônico. Indagado se o formato de investigação montado pelo presidente do Conselho de Ética, Gilberto Mestrinho, poderia favorecer Barbalho, Altholff disse que "a melhor análise será da opinião pública". O senador Waldeck Ornélas (PFL-BA) disse que a criação de uma comissão de três senadores para investigar as denúncias contra o presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho, foi uma forma de retirar o assunto do Conselho de Ética, transferindo-o para um petit-comitê. Além disso ele acha que a indicação do senador Romeu Tuma para a comissão tira a dependência e a autonomia do corregedor-geral do Senado. Na avaliação de Ornélas o mesmo esquema político que elegeu Barbalho para a presidência do Senado estaria patrocinando as manobras dentro do conselho em favor de Jader. Ele citou, por exemplo, o PMDB e o PSDB, que fariam parte desse esquema. "O PFL foi inteiramente excluído das investigações", disse Ornélas, referindo-se à composição da comissão. "Jader não tem mais o apoio da maioria que o elegeu em fevereiro, mas o seu esquema político continua atuando e está conduzindo os trabalhos do Conselho de Ética.", afirmou Ornélas.

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