O PMDB deve manter no futuro governo Dilma Rousseff o mesmo espaço na Esplanada que lhe foi delegado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A sigla deve continuar com seis ministérios, embora a cúpula partidária não considere as pastas da Defesa e da Saúde como fatias de seu território.
A reivindicação oficial do PMDB, apresentada a Dilma pelo presidente da sigla e vice-presidente eleito, Michel Temer, nesta manhã, compreende o comando de quatro ministérios: dois para a bancada da Câmara e dois para a do Senado, nos moldes em vigor no governo Lula.
Uma fonte ligada à cúpula peemedebista afirmou à Agência Estado que a demanda se legitima pelo tamanho do partido: é a maior bancada do Senado e a segunda maior da Câmara. "O partido tem que se sentir representado no ministério para garantir a estabilidade política no Congresso", defendeu.
Da cota de Cabral
A eventual confirmação do secretário de Saúde do Rio de Janeiro, Sérgio Côrtes, no Ministério da Saúde, será interpretada pelo PMDB como vitória pessoal do governador do Estado, Sérgio Cabral, e não da cúpula partidária. Aliás, lideranças do partido sempre consideraram o titular da pasta, José Gomes Temporão, um nome da cota pessoal de Cabral.
Os laços estreitos de Sérgio Cabral com Dilma e Lula devem garantir a ele a vitória em mais um embate com a cúpula peemedebista: ele deve barrar eventual indicação do ex-governador do Rio Moreira Franco para assumir um ministério. Na atual bolsa de apostas, ele assumiria a pasta das Cidades, que seria retirada do PP.
Moreira Franco seria uma indicação do presidente do PMDB, pois ele foi um dos interlocutores mais próximos de Temer durante a campanha e participou da elaboração do plano de governo de Dilma. No entanto, Cabral vê como ameaça a eventual ressurreição de Franco como liderança política no Rio. Por isso, o mais provável é que o ex-governador não seja agraciado com um ministério.
A pasta da Defesa deve seguir sob o comando de Nelson Jobim, conforme desejo do presidente Lula. Da mesma forma, Jobim não entra na contabilidade da cúpula do PMDB, mas como um nome da cota de Lula e Dilma.
PMDB do Senado e da Câmara
Se retirar a pasta das Comunicações da cota do PMDB do Senado, o partido espera ser compensado. Uma das demandas é o Ministério dos Transportes para o senador eleito Eduardo Braga (AM), em represália ao antigo titular da pasta, Alfredo Nascimento (PR-AM), principal adversário de Braga no Estado.
O outro nome do PMDB do Senado para a Esplanada dos Ministérios é o do senador reeleito Edison Lobão (MA). A indicação é da cota pessoal de Sarney, que deseja ver o aliado reconduzido para o Ministério de Minas e Energia - uma pasta estratégica diante do iminente começo de exploração do petróleo na camada pré-sal.
As indicações da bancada da Câmara são a continuidade de Wagner Rossi no Ministério da Agricultura e o deputado piauiense Marcelo Castro para a pasta da Integração Nacional, esta cobiçada pelo PSB.