PMDB avalia cronograma para sair do governo

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Por Elder Ogliari e PORTO ALEGRE
Atualização:

A crise do governo de Yeda Crusius (PSDB) forçou o PMDB a antecipar o debate sobre a hora de deixar a administração estadual do Rio Grande do Sul. O assunto vinha sendo adiado, mas não escapará da pauta de encontro de lideranças do partido na quinta-feira. Como é certo que terá candidatura própria em 2010, o partido estava dividido entre os que defendiam que a hora do desembarque deveria ser na metade deste ano, no fim do ano ou no início de 2010. Nesta semana, Yeda e outras oito pessoas foram citadas em ação civil pública de improbidade administrativa do Ministério Público Federal, sob acusação de que foram beneficiárias, operadoras ou intermediárias de desvio do Detran. Depois de três meses evitando a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o governo gaúcho, o partido passou a apoiar a proposta, mesmo com a criação da comissão já aprovada. Até o deputado Luiz Fernando Zachia, um dos "demandados" na ação, apoiou a comissão, alegando que deseja provar sua inocência. Mas ainda não se pode falar em debandada. No discurso, o PMDB promete trabalhar para esclarecer as dúvidas que pairam sobre a gestão Yeda e, ao mesmo tempo, garantir a governabilidade. Na prática, porém, se surgirem provas que comprometam o governo, podem deixar de apoiá-lo. Na CPI, que deve ser instalada até o fim do mês, os peemedebistas terão muito trabalho. Precisarão defender Yeda enquanto estiverem no governo, além de evitar que comprometa a imagem do partido a investigação de um de seus deputados federais e dois de seus deputados estaduais nos inquéritos da Operação Solidária, que correm em segredo de Justiça. Outro risco é a possibilidade de o PT fazer das sessões palanque eleitoral. "A CPI pode servir mais de campanha para o PT do que para buscar os fatos", diz o senador Pedro Simon (PMDB-RS). Para o ex-governador Germano Rigotto, um dos cotados para concorrer ao governo, a indefinição sobre a hora do desembarque criou um problema para o PMDB. "Se já tivéssemos estabelecido a data, os que estão dentro teriam tempo para se preparar para sair e o governo teria tempo para preparar substitutos." Rigotto admite que "desembarcar em momento de crise é estranho". Ele sugere que, quando sair, o partido ajude na governabilidade mesmo sem cargos.

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