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PMDB articula CPI; governo reage

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Por Vera Rosa e Denise Madueño
Atualização:

Frustrado na tentativa de mudar a direção da Fundação Real Grandeza, o PMDB começou a recolher assinaturas para criar uma CPI na Câmara e investigar a administração da entidade e dos demais fundos de pensão de estatais. Enquanto isso, o governo já se mobiliza para barrar a comissão - na reunião de ontem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros da coordenação política, a avaliação foi de que o PMDB quer usar a CPI para pressionar o Planalto, que não autorizou a mudança no fundo de Furnas e da Eletronuclear. A iniciativa de instaurar a comissão de inquérito é do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas ele nega retaliação e interesse em mudar os diretores do Real Grandeza. "Acusaram o PMDB de patrocinar indicações políticas, o que não é verdade, e de defender interesses escusos, o que deve existir nos próprios fundos. Está na hora de passar isso a limpo. Saber se tem caixa-preta, manipulação política e por parte de quem", argumentou. No requerimento de criação da CPI, o deputado fluminense estabelece que as investigações deverão ocorrer a partir das apurações feitas pela CPI dos Correios, que concluiu os seus trabalhos em 2005. A oposição aposta no desgaste político. "Estamos estimulados a assinar essa CPI", adiantou o líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO). "Não podemos vulgarizar nem estabelecer CPI por ressentimento ou falsas interpretações", reagiu o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. "Acho que uma CPI só causaria tumulto agora." O presidente Lula também avalia que a abertura de investigações, agora, poderia provocar novos atritos na base aliada e prejudicar o governo. Foi com esse argumento que Múcio passou o dia ontem em conversas com líderes da coalizão e com o próprio Eduardo Cunha. Múcio almoçará hoje com líderes de partidos aliados e fará novo apelo para que orientem as bancadas a não assinarem o requerimento de CPI. "Eu confio no bom senso. Acho que, a essa altura, esse problema está superado", disse o articulador político do Planalto. "O governo não teme CPI, mas é evidente que, ao ser vulgarizada, ela atrapalha, principalmente num ano de crise como esse." Para o deputado Mário Negromonte (BA), líder do PP, o governo tem "outros instrumentos" para promover investigações sobre denúncias, não sendo necessária a abertura de uma comissão de inquérito no Congresso. "Partido da base aliada não pode aprovar CPI", afirmou Negromonte. "Nós temos que votar a reforma política e tributária, e não ficar contra o governo."

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