PMDB aproveita votação para exigir cargo na Petrobrás

Partido só apoiou projeto de entrada da Venezuela no Mercosul depois de garantida a nomeação de Zelada

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Por João Domingos e Denise Madueño
Atualização:

O PMDB aproveitou a votação da adesão da Venezuela ao Mercosul na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara para emparedar o governo. O partido ameaçou não participar da votação se não conseguisse nomear Jorge Luiz Zelada para a Diretoria Internacional da Petrobrás. Os peemedebistas só votaram a favor do projeto depois de ouvir do líder do governo, José Múcio Monteiro (PTB-PE), a garantia de que Zelada será nomeado. "O governo tem palavra e vai cumprir todos os acordos feitos. As coisas vão acontecer, mas não condicionadas a uma votação. A entrada da Venezuela no Mercosul é importante para o Brasil", afirmou o líder. A nomeação de Zelada foi exigência do PMDB de Minas. Mas os paulistas também pressionaram pelo atendimento da reivindicação do ex-governador Orestes Quércia, que quer nomear Miguel Colasuonno para a presidência da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), empresa do Ministério da Agricultura. Para aprovar a CPMF, o partido tem cobrado do governo cargos importantes. Quer, por exemplo, o controle de todo o sistema elétrico. A começar do Ministério de Minas e Energia, para o qual aguarda a volta de Silas Rondeau, afastado depois que a Polícia Federal o apontou como suspeito de receber propinas da empreiteira Gautama. O PMDB exige ainda as presidências da Eletrobrás, da Eletrosul e da Eletronorte. Em 2008 as estatais do setor elétrico vão investir cerca de R$ 50 bilhões. No primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva as diretorias da Petrobrás ficaram com PT e PP. Ao entrar na coalizão, o PMDB quis espaço na estatal e indicou para a Diretoria Internacional João Augusto Henriques. Depois de quase um ano o Planalto vetou Henriques e o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, pediu ao partido para fazer outra indicação. Na votação da CPMF na Câmara, em setembro, Zelada, atual gerente-geral de Exploração e Produção e Transportes Marítimos da Petrobrás, foi sugerido. Mas o Planalto tem segurado a nomeação. Isso deixou o PMDB nervoso, principalmente nas últimas semanas, quando foi anunciada a descoberta do supercampo de petróleo na Bacia de Santos. O temor do PMDB é que o presidente tome do partido não só a Diretoria Internacional da Petrobrás, como também o Ministério de Minas e Energia. Na semana passada o grupo do senador José Sarney (PMDB-AP) conseguiu arrancar de Lula a garantia de que o PT não ficará com a pasta. Outra irritação do PMDB é com a medida provisória que autoriza o governo a repassar verbas de convênios para municípios em período eleitoral. PSDB e DEM decidiram obstruir as votações no Senado até que o presidente vete a parte que permite repasses no período eleitoral. O PMDB estava neutro, mas nos últimos dias descobriu que, se a MP for mantida, o PT pode tomar boa parte de suas prefeituras e resolveu engrossar o protesto.

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