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PMDB apresenta conta: quer Lula longe do 2°turno

Partido, maior vencedor do pleito, obtém garantia de que presidente não irá a cidades disputadas por aliados

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Por Christiane Samarco e João Domingos
Atualização:

Exatos três dias depois de sair das urnas como o grande vitorioso da disputa municipal, o PMDB apresentou ontem seu novo cacife e a conta política ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com 18,5 milhões de votos, razoável unidade interna, sete governadores, seis ministros, um exército de 1.195 prefeitos eleitos e estrutura organizada em 4.671 cidades, o PMDB quer manter a aliança com o PT em 2010, mas impôs condições: pediu neutralidade de Lula onde o PMDB disputa o segundo turno com o PT (como Salvador e Porto Alegre), e não aceita papel secundário na sucessão presidencial . "Temos compromisso com o presidente, mas também temos cacife para qualquer projeto, inclusive a candidatura própria", resumiu o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). "A reboque e no papel de coadjuvante o PMDB não vai", disse. Lula atendeu ao PMDB. Durante jantar com a cúpula do partido, ontem, no Palácio da Alvorada, o presidente comunicou que não visitará nenhuma cidade em que dois candidatos de partidos da base estejam disputando o segundo turno das eleições municipais. E os ministros de Estado, segundo o presidente, só poderão visitar as cidades nas quais estejam diretamente envolvidos na disputa. O relato do entendimento foi feito pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Segundo Jucá, o presidente ressaltou a importância de manter a governabilidade e disse que é necessário não criar problemas para a coesão da base de governo. No encontro, foi feito um balanço do primeiro turno das eleições, que mostraram avanço do PMDB e do PT. A conclusão tirada no encontro, segundo Jucá, foi que os resultados indicam que o governo tem apoio da população. 2010 Os peemedebistas comunicaram a Lula que o candidato do partido para a presidência da Câmara, na eleição que acontece em fevereiro, é o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP) - leia reportagem na página 9. No encontro, Lula disse ainda, segundo relato de Jucá, que o PMDB terá papel importante nas eleições presidenciais de 2010. Mas observou que esse é um assunto a ser tratado mais adiante. No momento, ressaltou, o importante é manter a governabilidade. Além de Jucá, estiveram no Alvorada os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, e da Justiça, Tarso Genro; o senador José Sarney (PMDB-AP), o líder do PMDB no Senado, Waldir Raupp (RO), Temer, a líder do governo no Congresso, senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), e Eduardo Alves. AVANÇO O PMDB não comemora apenas o crescimento generalizado, mas o fato de ter se livrado da pecha de legenda dos grotões. Afinal, o PMDB avançou em grandes centros urbanos, com possibilidade de vencer o segundo turno em Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio, Florianópolis e Belém, além de Salvador. E ainda ser sócio-aliado de uma vitória do prefeito Gilberto Kassab (DEM) em São Paulo. A atual taxa de unidade peemedebista foi exibida ontem à tarde, no lançamento da candidatura de Temer à presidência da Câmara. CONVENIÊNCIA Para que os líderes peemedebistas tivessem mais liberdade de conversar com Lula durante o jantar no Alvorada, a cúpula do partido tinha avaliado que o melhor era deixar de fora os ministros, que devem obediência ao presidente. Mas, à tarde, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (BA), já havia conversado com o presidente Lula sobre Salvador, onde o prefeito do PMDB, João Henrique Carneiro, disputa a reeleição contra o PT do governador Jaques Wagner e do candidato Walter Pinheiro. Quando chegou ao gabinete presidencial no final da manhã, Geddel deparou-se com uma reunião em curso do conselho político do governo, em que os ministros José Múcio Monteiro e Dilma já estavam discutindo eleições. Um dos participantes do encontro revelou ao Estado que Lula antecipou a Geddel sua decisão de não interferir na disputa baiana. Mais do que não ir a Salvador na campanha do segundo turno, Lula teria acrescentado que dará uma declaração de que não tem preferência por A ou B onde os dois candidatos são da base do governo. O presidente afirmou que anunciará, formalmente, que o eleito, seja quem for o aliado, terá no governo federal um parceiro. É exatamente esta neutralidade que o PMDB conseguiu obter de Lula nas 11 cidades em que um peemedebista está no segundo turno da eleição municipal.

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