PM desocupa área invadida por sem-terra em PE

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Trezentos e oitenta e cinco homens da Polícia Militar foram mobilizadas na madrugada de hoje para cumprir uma reintegração de posse em três acampamentos da Comissão Pastoral da Terra (CPT), localizados no Engenho Prado, em Tracunhaém, Zona da Mata, pertecente ao Grupo João Santos, um dos mais fortes grupos econômicos do Estado. O engenho está ocupado há mais de seis anos e é um dos principais focos de conflito agrário de Pernambuco. A polícia interditou nove quilômetros da Rodovia PE-41, que dá acesso ao acampamento. Para chegar ao local, a imprensa teve de andar a pé. No acampamento Chico Mendes 2, foram destruídos todas as moradias, a escola e duas igrejas. A coordenadora do acampamento, Luíza Cavalcante foi presa, segundo a polícia, por desacato a autoridade. Os acampados testemunham que ela saiu desmaiada sob efeito de um gás de spray, e levou chutes e pancadas com cecetetes. Os acampados denunciam ainda a destruição de pequenas roças de microprojetos de criação de pintos (frangos). André Ventura do Nascimento, estava inconformado porque, segundo ele, levaram até o leite de seu filho de dois anos. Ele mostrava uma mamadeira com o leite, já azedo, que havia feito na madrugada, o que sobrara para dar à criança. Outros dois acampados do acampamento Chico Mendes 1 foram presos acusados de porte ilegal de arma. O advogado da CPT, Bruno Ribeiro acusou a polícia de estar cumprindo um papel inconstitucional de milícia a pedido do proprietário das terras. Para ele, essa foi uma ação articulada entre governo do Estado, a Justiça local e o Grupo João Santos. Ele disse que o Ministério Público não foi avisado da ação e que o promotor local estava de férias. E lembrou que, recentemente, o Ibama anulou um projeto de reflorestamento de bambu na área, que nunca foi executado e que servia de argumento para impedir a desapropriação do Engenho Prado. Este engenho chegou a ter decreto de despropriação assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas o proprietário conseguiu anular o decreto no Supremo Tribunal Federal (STF) com o argumento que o projeto já não tinha validade.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.