PM da Bahia ameaça entrar em greve

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Por Agencia Estado
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O clima de insatisfação dos policiais militares baianos é grande e a luta por melhores salários pode resultar numa greve por tempo indeterminado a partir de quinta-feira. Uma assembléia de sargentos decidiu que, a partir de hoje, os policiais irão cruzar os braços nos quartéis e só voltar ao trabalho quando o governo estadual decidir negociar um aumento salarial. Ontem 500 policiais militares que tinham o dia de folga fizeram greve de fome porque foram obrigados a ficar aquartelados no 5º Batalhão da PM, supostamente para que não participassem do cortejo do 2 de Julho, a festa da independência da Bahia, onde pretendiam se manifestar contra os baixos salários. O clima de tensão nos quartéis aumentou a partir da prisão, no domingo, de dois líderes do movimento, o tenente Everton Uzeda Lima e o sargento Manoel Isidoro Santana. Eles entregaram um documento detalhando a situação - definida por eles como "precária" - dos policiais baianos ao Ministério da Justiça, e foram presos por ordem do comando da PM. Da prisão, Santana enviou um bilhete aos deputados estaduais do PT, afirmando ter sido colocado "em um porão do tipo calabouço" e estar sendo "ameaçado de morte" na 10ª Companhia da PM. O policial sentiu-se mal ontem e foi conduzido para o Hospital Jaar de Andrade. Ele teve uma crise convulsiva. A mulher do sargento, Francisca Celestino, conseguiu entrar no hospital para acompanhar o internamento do marido, mas foi retirada logo em seguida. Hoje ela ainda não obteve informações sobre o estado de Santana. "Acho que ele foi muito pressionado e não duvido que tenha sido torturado", comentou. O deputado estadual Capitão Tadeu Fernandes (PSB) disse ter falado com Santana três minutos antes dele ser acometido pela crise convulsiva. "Eu providenciei a ambulância", contou, informando que o sargento está com suspeita de edema cerebral e encontra-se internado na Unidade de Terapia Intensiva do hospital. Fernandes terá um encontro amanhã à tarde, em Brasília, com o ministro da Justiça José Gregori quando tratará da crise na PM baiana. Um grupo de deputados da oposição e advogados estão mobilizados para tentar libertar Lima e Santana e garantir, através de liminar, a participação de todos os policiais militares na assembléia conjunta (com os policiais civis) que será realizada na quinta-feira, no Ginásio de Esportes do Sindicato dos Bancários, quando vence o prazo dado ao governo estadual para uma resposta à reivindicação de um salário base de R$ 1,2 mil. Crispiniano Daltro, presidente do Sindicato dos Policiais Civis afirma que a categoria vai entrar em greve caso a resposta do governo seja negativa. Ele espera a adesão dos militares à paralisação. O comando da PM não quis se pronunciar sobre o caso.

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