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PM cerca engenho depredado por sem-terra em Pernambuco

Por Agencia Estado
Atualização:

Diante da suspeita de existência de armas e tambor de gasolina escondidos nos acampamentos dos sem-terra no Engenho Prado, em Tracunhaém, na zona da mata de Pernambuco, o comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar, coronel César Matos, entrou nesta quarta-feira com pedido de busca e apreensão no fórum da comarca de Nazaré da Mata, para poder invadir o local. O clima se mantém tenso no engenho ? depredado e incendiado pelos sem-terra na última segunda-feira - e um reforço policial, num total de 96 homens armados com metralhadoras, bombas de efeito moral, gás, balas de borracha, pistolas e cães, cercou os acampamentos, com bloqueios em três pontos da rodovia PE-41, que corta a área. O coordenador do litoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Juracy Souza, antecipou que os trabalhadores não vão permitir a entrada da polícia se a Justiça não conceder o mandado de busca. ?Não vamos permitir esse absurdo?, afirmou ele. ?Estamos aqui há seis anos e nunca teve polícia, é pura repressão?. Sete facões de sem-terra foram apreendidos pela polícia, que está revistando carros e passageiros que passam pela rodovia. ?Passamos da ação preventiva para a repressiva diante do vandalismo e da ação terrorista dos sem-terra?, afirmou o coronel Matos, ao explicar a função da polícia na área: evitar conflitos, depredações e destruição de lavouras (tanto dos proprietários como dos sem-terra). Diante da forte presença policial, os trabalhadores decidiram suspender o trabalho na roça nesta quarta-feira. ?Nós não queremos confronto?, disse Luíza Cavalcanti, coordenadora do acampamento Chico Mendes 2. A iniciativa da polícia, que até anteontem mantinha 20 homens no engenho, foi recebida com ?espanto e indignação?, de acordo com Luíza. O Engenho Prado chegou a ter decreto de desapropriação assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique, em 1997, mas os titulares da empresa conseguiram anular o ato no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a alegação de ter um projeto de reflorestamento de bambu aprovado no Ibama. Até hoje os bambus não foram plantados.

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