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Plano para conter insurgência latina

Governo militar monitorou detalhadamente a ação dos movimentos guerrilheiros

Por Marcelo de Moraes
Atualização:

Documentos do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA) mostram que, no fim dos anos 60, o governo militar monitorou detalhadamente a ação dos movimentos guerrilheiros nos países da América do Sul. Existia o temor de que as operações promovidas por esses grupos afetassem o Brasil. Segundo os relatórios, em ao menos três reuniões foram esquadrinhadas as atividades de guerrilheiros na Bolívia, na Colômbia e na Venezuela. Também foram discutidas as medidas que os países vinham tomando para conter os rebeldes. As informações foram detalhadas por oficiais de inteligência das Forças Armadas brasileiras e são tão precisas que chegam a descrever todos os combates entre rebeldes e militares, até com número de mortes.

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No dia 31 de agosto de 1967, os militares brasileiros alertaram para a situação preocupante. "Sem superestimar a importância do valor militar da guerrilha, não se pode desprezá-la." Outra reunião, em 27 de dezembro daquele ano, traça um panorama da insurgência colombiana. "As guerrilhas na Colômbia, a que, de algum tempo a esta parte vêm emprestando sentido ideológico, têm, em realidade, suas origens ligadas ao banditismo, que, por mais de um século, vem se abatendo como verdadeira praga sobre a nação", diz o relatório militar.

"De fato, a proclamação de Fidel Castro, em 1963, considerando a Colômbia uma das nações-chave da revolução na América Latina, deu a alguns daqueles movimentos uma nova dimensão, face a configuração de sua vinculação à ideologia comuno-castrista."

Segundo o documento, de 1964 até 1967, "a força de subversão na Colômbia está organizada em dois núcleos: Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e Exército de Libertação Nacional (ELN), ambos desvinculados entre si".

O relatório brasileiro destaca os "chefes mais importantes das Farc", já apontando Pedro Antonio Marín, nome real do líder da organização - que usava o codinome Manuel Marulanda e tinha o apelido de Tirofijo (tiro certeiro) - e Oscar Reyes, como principais dirigentes.

No documento é dito que Tirofijo é membro do Comitê Central do Partido Comunista Colombiano, entretanto, subsistem dúvidas sobre as verdadeiras convicções de Antonio Marín e assevera-se que sua "filiação ao PCC nada mais traduz do que a necessidade de um dispositivo de apoio, seja político ou econômico".

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