
16 de novembro de 2007 | 13h58
A declaração do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de que desenvolverá um programa de energia nuclear "com fins pacíficos" deve dificultar ainda mais a adesão do país ao Mercosul. Em entrevista à CBN, o deputado ACM Neto afirmou que o anúncio de Chávez irá se somar a outros argumentos contrários à entrada da Venezuela no bloco. A proposta será votada nesta quarta-feira, 21, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e a oposição tentará derrubar o relatório do deputado Paulo Maluf, favorável à adesão apesar de fazer restrições a Chávez. Veja também: Chávez acusa o Congresso brasileiro de submissão aos EUA Cronologia do impasse entre o Senado brasileiro e Hugo Chávez A oposição também discute se há democracia na Venezuela, uma vez que o Tratado do Mercosul prevê a existência de regime democrático para a inclusão das nações no bloco. "Um dos pré-requisistos é que as nações que integram o mercado comum tenham os mesmos princípios, afinidades ideológicas e sociais. A integração não é apenas econômica, é uma integração mais ampla", disse o deputado à CBN. Ainda segundo ele, um país que quer apresentar um programa de armamento acaba batendo de frente com essa filosofia. Em 2 de dezembro, Chávez realizará um referendo na Venezuela sobre as reformas na Constituição do país. O projeto de reforma que está motivando os protestos nas últimas semanas em todo prevê mudanças em 69 dos 350 artigos da Constituição venezuelana - entre eles uma modificação que determina o fim do limite para reeleições. Mesmo que a Comissão de Constituição e Justiça reprove a proposta venezuelana, o plenário da Câmara ainda irá votá-la. Depois, a questão segue para o Senado, onde se espera uma dura oposição de parlamentares que mantiveram polêmicas com Chávez, como o senador José Sarney. Os presidentes da Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, membros do Mercosul, aprovaram em julho de 2006 o ingresso da Venezuela na união aduaneira, mas nem o Congresso brasileiro, nem o paraguaio aprovaram a adesão até agora. Chávez se queixou reiteradamente das demoras no processo legislativo brasileiro e acusou os senadores de representar interesses dos Estados Unidos por pedirem que revisasse a decisão de não renovar a licença de transmissão de um canal de TV crítico de seu governo.
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