PUBLICIDADE

´Plano B´ do PSDB alimenta nome de Aécio

Por Agencia Estado
Atualização:

A candidatura do presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), como alternativa ao nome do ministro da Saúde, José Serra, já é mais do que uma mera especulação no PSDB e nos partidos aliados. Embora todos admitam que o candidato do momento é Serra, ninguém descarta a hipótese de um ´plano B´, caso a candidatura do ministro não decole até abril. "Numa disputa dessa grandeza você não pode entrar pensando em plano B. Hoje nosso candidato é o Serra, que está cada vez mais sólido", acredita o presidente nacional do PSDB, deputado José Aníbal (SP). "Agora, é claro que também você não pode ficar sem uma alternativa." Essa opção, na verdade, tornou-se mais palpável no fim do ano passado, quando Aécio resolveu enfrentar o favorito Inocêncio de Oliveira (PFL) pela presidência da Câmara. Contra a tradição do Parlamento, os interesses da cúpula do partido e até a vontade do presidente Fernando Henrique Cardoso, o deputado mineiro aceitou o desafio. E venceu. "Ali, ele atravessou seu Rubicão e mudou de patamar", compara o presidente do PSDB, lembrando a célebre passagem do imperador romano Júlio César para chegar ao poder. "Na política, quem corre grandes riscos aumenta seu delta." Embora coloque o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, no mesmo nível, Aníbal admite que Aécio está à altura do desafio. "Enquanto o Senado sangrava em disputas internas, ele se destacou na Câmara e salvou a imagem do Congresso", disse. A avaliação dos tucanos é de que neste ano Aécio conseguiu se livrar definitivamente da sombra do avô, o presidente Tancredo Neves. O pronunciamento de Aécio, na quinta-feira, em cadeia nacional, reforçou essa impressão. "O próprio presidente já deixou claro que não vai morrer abraçado com Serra e respeita Aécio, porque ele alçou vôo próprio sem precisar do partido ou do seu apoio pessoal", afirma um interlocutor de Fernando Henrique. Entre as conquistas de Aécio na Câmara, estão a aprovação da quebra da imunidade parlamentar, da restrição das medidas provisórias e do reajuste do salário mínimo. "Diziam que ele era um Dom Quixote, mas Aécio acabou se impondo, fez mudanças profundas na Câmara e melhorou a imagem do Congresso", avalia o cientista político Ney Figueiredo. Segundo o analista, apenas Aécio e Alckmin teriam hoje condições de tirar da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), o favoritismo nas pesquisas. "Nas pesquisas qualitativas, eles aparecem muito bem e são identificados com a bandeira da moralidade", afirma Figueiredo. "Seriam o fato novo que a Roseana representou para o PFL." A diferença entre os dois, ressalta o analista, é que Alckmin não quer nem ouvir falar do assunto, porque hoje é o favorito para o governo de São Paulo. "Aécio também recusa, mas seria mais fácil convencê-lo", diz. Além disso, acrescenta, o mineiro seria o antídoto para o efeito Roseana. "A simbologia do Aécio, como neto do Tancredo, é bem mais forte do que a de Roseana, como filha de Sarney." De acordo com o analista, poderia haver até uma repetição da dobradinha Tancredo-Sarney, que venceu as últimas eleições indiretas, em 1985. Além dos dois sobrenomes, a chapa Aécio-Roseana juntaria o Sudeste e o Nordeste. Embora o PFL tenha críticas a Aécio por ter vencido Inocêncio, Figueiredo acha que não haveria problema. "Acima de tudo, o PFL é profissional." Da mesma forma, o presidente do PMDB, deputado Michel Temer, também não descarta Aécio. "Não teríamos problema nenhum em conversar com ele, porque temos uma boa relação", afirma. "Aécio é um fato novo e continuamos observando e conversando com todos."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.