BRASÍLIA - O Palácio do Planalto vai começar a supervisionar os eventos organizados por ministros nos Estados para evitar rachas na base e garantir palanque a todos os aliados. Em meio ao aumento das articulações por uma candidatura à reeleição do presidente Michel Temer, o governo trabalha para que, nessas cerimônias, haja uma defesa enfática das ações do emedebista.
Esse movimento será coordenado pelo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB). A ideia é que deputados e senadores de partidos aliados sejam prestigiados em eventos como inaugurações de obras e entregas de casas. A recomendação é de que esses parlamentares sejam avisados primeiro sobre os atos em seus Estados e tenham prioridade para discursar.
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Na segunda-feira, um evento em Salvador causou mal-estar entre integrantes da base. Como mostrou a Coluna do Estadão, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), levou apenas parlamentares que costumam votar contra o governo para uma cerimônia sobre internet de banda larga. Como na Bahia o PSD é aliado ao PT, partido do governador Rui Costa, deputados de outras legendas da base, como MDB e PTB, disseram que sequer foram convidados para subir ao palanque da cerimônia.
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A preocupação do Planalto é que o descontentamento possa atrapalhar até mesmo a votação da reforma da Previdência, prevista para ocorrer este mês.
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Segundo Marun, a organização dos eventos vai continuar a cargo dos ministérios, mas funcionários da Secretaria de Governo serão designados para acompanhar os preparativos e evitar que a situação se repita. “Vamos trabalhar para diminuir ao máximo os problemas, queremos que inaugurações sejam festas”, disse o ministro.
Em outros Estados, como Pernambuco e Alagoas, também há problemas entre lideranças locais, que, apesar de fazerem parte base do governo federal, têm planos eleitorais distintos nas disputas regionais.
Impopular. Nesses eventos do governo, os integrantes da base também serão orientados a defender o trabalho que vem sendo desenvolvido por Temer. O Planalto detectou que, em muitas obras que foram realizadas com dinheiro federal, governadores que são de partidos de oposição e até parlamentares aliados escondem a parceria. O governo também percebeu que muitos ministros às vezes nem citam o nome de Temer e tentam ficar com todos os créditos das inaugurações, preocupados apenas com seus projetos eleitorais pessoais.
Para o deputado Danilo Forte (DEM-CE), a nova estratégia do governo pode ajudar a diminuir a impopularidade de Temer. "É bom, porque o problema da impopularidade do presidente hoje é muito em função de que o governo continuou financiando projetos, cumprindo sua obrigação, só que não capitaliza do ponto de visa popular”, disse.