PUBLICIDADE

Planalto se irrita com Mendes, mas silencia

PUBLICIDADE

Por Tania Monteiro e BRASÍLIA
Atualização:

Criticado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que classificou como "ilegal" o repasse de recursos públicos para movimentos sociais que invadem terras, o governo preferiu o silêncio oficial. Mas assessores do Planalto consideraram inadequada a atitude do ministro. Qualificaram como descabido o fato de Mendes cobrar atos do Ministério Público, além de opinar fora dos autos. Para o governo, não há ilegalidade no repasse de recursos para o Movimento dos Sem-Terra (MST). Assessores palacianos lembram que, no passado, quando houve denúncia semelhante, estudos feitos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário não detectaram repasses irregulares. Já a cúpula do Congresso endossou ontem as críticas que Mendes fez ao financiamento público dos sem-terra. Os presidentes do Senado e da Câmara, José Sarney (PMDB-AP) e Michel Temer (PMDB-SP), afirmaram que o Poder Judiciário deve coibir ilegalidades quando houver desrespeito à Constituição. INADEQUADO As declarações do presidente do STF foram criticadas pela diretoria da Associação Nacional de Cooperação Agrícola (Anca), entidade ligada ao MST e legalmente constituída. Na opinião do porta-voz da entidade, advogado Patrick Mariano, Mendes agiu de forma inadequada. "Ele usa o cargo de magistrado para fazer política. Isso é arriscado para a democracia. Afinal, o que se pode esperar de um magistrado que se manifesta politicamente a respeito de uma questão, que mais tarde será julgada por ele? O que se espera de um juiz é imparcialidade e serenidade." Mariano também lembrou que não foi a primeira vez que Mendes investiu contra o MST. "No discurso de posse ele já havia atacado o movimento." COLABOROU ROLDÃO ARRUDA

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.