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Planalto pede que governo do DF reavalie autorizações para manifestações na Esplanada

Secretaria de Segurança diz que local continuará recebendo atos, mas comunica reforço na segurança para protestos de domingo

Por Tania Monteiro
Atualização:
Manifestantes entram em confronto com a polícia na Esplanada dos Ministerios Manifestantes Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADAO

BRASÍLIA - O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, encaminhou ofício ao governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, no qual pede que ele "reavalie as autorizações para as manifestações" na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

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Na quarta-feira, 29, o local amanheceu com marcas de depredação após protestos liderados por estudantes, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), professores e grupos indígenas. 

O ministro pediu ainda ao governador que, "diante dos estragos provocados" que bloqueasse a Esplanada na quarta-feira, para quando estava prevista pelo menos uma outra manifestação, de caminhoneiros, que não foi realizada. No ofício, o GSI classifica que houve "gravíssimo comprometimento da ordem pública, de depredações e danos de bens públicos e particulares".

Em resposta ao pedido, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal afirmou que o local está mantido para a realização de manifestação prevista para o domingo, 4, convocada pelo movimento "Vem Pra Rua", mas que um reforço no esquema de segurança deve ser aplicado. "(A Secretaria) defende a Esplanada dos Ministérios como local adequado para as manifestações populares". Segundo o órgão, "nestes dois últimos anos, em um momento de grande tensão política, as forças de segurança atuaram de forma eficaz em todos os atos realizados no centro da cidade, garantindo a integridade das pessoas e a preservação do direito à livre manifestação". A Secretaria informou, ainda, que o governador do Distrito Federal "determinou reforço no esquema de segurança, incluindo as estratégias de inteligência associadas às operações, e a volta das revistas pessoais na chegada à área central de Brasília em dias de protestos".

Para a manifestação de domingo, a expectativa do Palácio do Planalto é de que a Polícia Militar "aja com energia para evitar mais violência". Espera ainda que se instalem barreiras efetivas para a realização de minuciosa revista de quem vai participar do protesto, para tentar evitar que pessoas mal intencionadas cheguem à Esplanada com armas, algum tipo de bomba, ainda que caseira, e instrumentos para promover mais pichação em prédios públicos.

Como o mote dos protestos de domingo é "contra a corrupção", o governo avalia que o número de pessoas presentes será muito ampliado em resposta às manifestações de terça-feira. 

Depredação. A reação dos policiais contra os manifestantes na terça-feira começou após um carro ser virado. A partir daí, a Esplanada foi tomada por bombas de gás e sprsy de pimenta, usados pela PM para disperasar o ato.

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De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o ato terminou com nove prédios ministeriais depredados, além da Avenida das Bandeiras, da Catedral de Brasília, da Biblioteca Nacional e do Museu Nacional da República. Além disso, 27 placas de sinalização foram arrancadas, vidraças e paradas de ônibus foram quebradas e dois carros queimados - dezenove pessoas foram atendidas e atendidas nos hospitais da capital, incluindo dois policiais militares, sendo que um deles com uma perfuração com faca. 

Segundo a Secretaria, "as forças de segurança do Distrito Federal atuaram de forma integrada e de acordo com os protocolos estabelecidos para a contenção de atos desproporcionais de manifestantes em protestos".O órgão acrescentou ainda que a PM agiu "dentro dos limites necessários para garantir a integridade dos manifestantes, sobretudo daqueles que não participavam dos atos de vandalismo".

"O governo de Brasília continuará contando com a parceria dos órgãos de inteligência e de segurança do governo federal para prevenir as manifestações violentas e investigar os atos de vandalismos", afirmou a SSP. O ministro Sérgio Etchegoyen salientou que em momento algum se pensou em proibir protestos na Esplanada, já que considera que qualquer manifestação é "absolutamente legítima". Defendeu, no entanto, que elas sejam realizadas de forma pacífica, sem qualquer tipo de violência. "Manifestações são legítimas. O que não é legítimo é o vandalismo", prosseguiu ele, acrescentando que "se houver propósito de fazer depredações como as que aconteceram ontem, a polícia vai agir".

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Na quarta, lideranças das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo avaliaram que as depredações foram praticadas por black blocs e anarquistas, estimulados por "infiltrados". Agentes de segurança lotados nos Ministérios da Educação e dos Transportes, dois locais que tiveram vidraças quebradas, observaram que militantes do MST e da UNE não têm por tática incendiar carros destruir placas ou fazer pichações. 

O MST divulgou nota para repudiar a prisão do militante Bruno Maciel, coordenador da regional do movimento. Ele foi preso pela polícia legislativa do Senado quando, segundo a nota, tentava retirar pessoas de uma área atingida por bombas. Uma comissão formada por Dom Leonardo, da Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) esteve nesta quarta no Departamento de Polícia Especializada para visitá-lo.