Planalto exonera seis auxiliares de Vélez

Na lista de demitidos do Ministério da Educação estão discípulos do ‘guru’ bolsonarista Olavo de Carvalho

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Foto do author Renata Cafardo
Por Ligia Formenti e Renata Cafardo
Atualização:

BRASÍLIA -  O governo exonerou nesta segunda-feira, 11, seis auxiliares do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. Na lista, estão nomes de discípulos do autor de livros Olavo de Carvalho – guru bolsonarista –, como Tiago Tondinelli e Sílvio Grimaldo.

As demissões ocorrem em meio a uma disputa interna na pasta. Também foi exonerado o coronel Ricardo Wagner Roquetti, militar que se tornou braço direito de Vélez, opositor de “olavistas” e que teve sua saída exigida pelo presidente Jair Bolsonaro, em uma reunião realizada no domingo.

Ricardo Vélez Rodríguez, que se reuniu ontem com o presidente Jair Bolsonaro, não quis comentar as exonerações Foto: ERNESTO RODRIGUES / ESTADÃO - 24/1/2019

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A briga no ministério começou na semana passada, quando o ministro resolveu afastar funcionários que defendiam políticas de viés ideológico. A mais importante delas, revelada pelo Estado, uma carta enviada às escolas pedindo que o slogan de campanha de Bolsonaro fosse lido e que crianças fossem filmadas cantando o Hino Nacional.

Vélez deixou os “olavistas” de lado e passou a se aconselhar com seus ex-alunos e com o secretário executivo Luiz Antonio Tozi, que foi diretor do Centro Paula Souza, administrador das Faculdades de Tecnologia (Fatecs) em São Paulo.

O grupo defende o foco do MEC em políticas educacionais de evidência comprovada e o abandono do discurso ideógico. “Olavistas”, por sua vez, dizem que o grupo é “tucano” e não segue as ideias de Bolsonaro. Os técnicos rivalizam com outros dois segmentos dentro do MEC, o de seguidores de Olavo e o de alguns militares.

‘Lava Jato da Educação’

Nesta segunda-feira, pelo segundo dia seguido, Vélez se reuniu com Bolsonaro. Questionado na saída do encontro, não quis comentar as exonerações.

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Em nota publicada à tarde, o MEC classificou as mudanças como “movimentação de pessoal” e “reorganização administrativa”. No mesmo texto, faz menção às investigações da “Lava Jato da Educação”.

“O combate à corrupção está sendo gerido pelo MEC, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Advocacia-Geral da União e Controladoria-Geral da União, e, portanto, deve ser tratado com a isenção e impessoalidade que se exigem das atuações estatais”, diz a nota.

Em entrevista ao jornal O Globo na semana passada, Olavo de Carvalho atribuiu as saídas à tentativa de parar a apuração de irregularidades na pasta. /COLABOROU JULIA LINDNER 

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