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Planalto estuda reajuste de 10% para militares

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Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Defesa, José Viegas, mudou o tom de suas recentes declarações de quarta-feira e sinalizou com a possibilidade de concessão de um reajuste de vencimentos para os militares ainda este ano, sem falar, no entanto, quando ele poderá vir nem de quanto será. De acordo com informações da área militar, a hipótese que se estuda é a de um aumento de soldo na casa dos 10%, que não entrará em vigor imediatamente. Segundo Viegas, o presidente Lula assegurou que "as Forças Armadas não ficarão frustradas" com a decisão do governo. O ministro disse que deixava o Palácio do Planalto "confiante" de que "uma solução justa e digna será encontrada, de forma a manter o poder de compra dos militares" e que haverá um "tratamento comparável" entre eles e os civis, mas isso não significa que o reajuste será igual para todas as categorias. As novas declarações de Viegas foram necessárias para acalmar a tropa, que ficou frustrada e irrequieta com as suas declarações de quarta-feira - endossadas pelo ministro do Planejamento, Guido Mantega. Na entrevista desta quinta-feira, Viegas, depois de lembrar que os militares estão sem aumento desde janeiro de 2001, disse que a decisão final sobre o reajuste será do presidente Lula, que "encontrará a solução correta, no tempo correto". Os militares, com base em seus próprios estudos, pedem reajustes que variam de 23% a 34,5%, dependendo do índice a ser escolhido. "Saio muito confiante", declarou hoje o ministro da Defesa ao deixar o Palácio do Planalto. Ele acrescentou: "Que ninguém tenha dúvida de que o governo brasileiro tem pelas Forças Armadas um sentimento de total confiança em relação aos militares". O ministro Viegas disse que o dinheiro para pagamento do aumento virá do orçamento da União. Afirmou que a elevação de arrecadação sempre facilita essa possibilidade. O problema é que, em se tratando de orçamento militar, qualquer reajuste representa um rombo nas contas públicas. Como a folha dos cerca de 530.000 militares da ativa e da reserva, além dos pensionistas, custa cerca de R$ 23 bilhões ao ano, um aumento de 10% representaria um impacto de R$ 2,3 bilhões - gasto considerado muito alto para a atual situação financeira do País. As declarações anteriores dos ministros Mantega e Viegas afastando a hipótese de aumento este ano dominaram as conversas de hoje nas unidades do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. A frustração foi geral, e havia uma preocupação básica: se os ministros falavam em nome próprio, ou se já davam um recado do presidente da República. Com as afirmações de hoje, eles entendem que surgiu uma luz no fim do túnel e ainda alimentam esperanças de que no dia 15 de abril, quando o presidente receberá os oficiais-generais promovidos, ele possa acenar efetivamente com o atendimento de pelo menos parte da reivindicação.

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